quinta-feira, março 10

ao som de creep

A música conta que és como um anjo, a tua pele faz-me chorar e eu só queria ser especial.
Se a luta fosse entre o corpo e a alma, o meu coração saía derrotado. O teu silêncio queima todas as dúvidas e faz transparecer a realidade daquilo que és. Apenas mais um coração morto que encontrei perdido, num caminho que muitas vezes percorri sem chegar a lado nenhum. De mim já só tens os restos daquilo que fui. Provoco em ti um sentimento de fuga. Eu ditei a partida.
O que faço eu aqui, como diz a melodia eu não pertenço a este lugar, que estou eu aqui a fazer, e tu és tão especial, quem me dera ser tão especial.
Pedi que o nosso mundo parasse. Ele parou. E agora eu não consigo avançar sem ele.Não espero que o entendas, muito menos que o oiças nos ruídos das recordações. O que sou para ti eu sei responder, sou vazio que se fez quente em palavras que adoçaram a tua alma e controlaram o teu corpo translúcido de sensações. És igual a mim nas certezas, tão diferente nas tuas dúvidas. Não te percas no vazio que te pede para te calares. Fala com os olhos, ama com a alma, deseja com o coração. Não desejes com o corpo. Antes que o circulo se feche em ti. Apenas sei, o vazio. Apenas conheço o medo. E os teus braços não me pediram para ficar. E eu parti. Sem medo nos olhos, nem amor na pele. Apenas com uma paz que eu não sei aceitar.
És um anjo que pertence ao inferno. Eu sou o inferno que te queimou a alma e te enclausurou numa vida que não conhecias. Dei-te o prazer da descoberta. Tu ouviste o meu sorriso nas lágrimas que guardei. Eu ouvi, tinhas tanto para contar. E eu tanto para sentir. Entraste na loucura, perdeste a pouca lucidez que tinhas. Eu fui demais para ti. Mais do que aquilo que podias aguentar, ambos sabemos o muito que o pouco significa. Ambos sentimos. Ambos prometemos. Nenhum de nós cumpriu.
Deixei-te ser especial. Pus-me no canto da sala, mais uma vez. E é lá que vou ficar. Sem te incomodar. Mas não me peças para fingir os meus olhos. Não consigo, não posso. Eles dizem a verdade, e escondem o medo. Sempre que te aproximares.
Perdida nesta fantasia gelada que me invade o corpo de tanta saudade, encontro-me na corroída insanidade que me pede para te agarrar.

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