Sempre arranjei formas de sufocar o meu próprio sofrimento. O meu sorriso sempre foi a minha maior arma contra o olhar preocupado dos que me rodeiam, ate os que me conhecem bem às vezes não vislumbram a minha alma triste. É um mecanismo de defesa, como lhe chamam os conhecedores da arte de viver ou melhor sobreviver. Nunca soube esconder a alegria, sempre se viu estampada no meu corpo, no mexer das mãos, nos rodopios do meu corpo, no bater do meu pé no chão recheado de entusiasmo porque a felicidade me batia a porta, nas gargalhadas vindas do fundo do espelho da alma que me pede para gritar. Já a minha tristeza essa guardo para mim, o meu corpo fecha-se e por mais que os meus olhos me denunciem não a partilho sequer contigo. Não a partilho com ninguém. Posso falar, até chorar. Mas não a partilho, a tristeza vive cá dentro e cá dentro permanecerá. Por agora serei feliz, sorridente até triunfante na minha forma de dançar a vida. Só cá dentro serei rio que gela a pele e cobre o coração de lodo, cinzento e vazio. Vento que abre veloz as janelas do quarto e me vem buscar para eu partir. Aqui serei uma folha em branco onde alguém escreveu, e que eu risquei para me apagar.
Falo de ti, como que resisto.
Não és de novo aquele, és outro igual mas com recortes de vilão. Eu pego-te ao colo sou feliz. És cá dentro o que não deixaste de fora. És fora tudo o que de nada tens dentro. Cada palavra é escolhida a dedo. Cada gesto personalizado. Sais por cima, eu não gosto de ficar ao lado. Fico cá dentro e por agora tu cá fora fechado.
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