domingo, janeiro 22

Amar-te

Este cheiro a terra que se entranha no meu olfacto, relembra-me os dias em que a chuva abençoou os nossos beijos e abraçou os nossos passos.
Quando paraste, os teus pés uniram-se ao chão e dentro de ti era sonhado mais um momento que não viveste, que pressentes que não vais viver mas que se torna tão real dentro de ti. Os teus olhos recheados de brilho iluminam os meus, a minha cabeça pensa tanto. Tentei ler-te mais uma vez. Mas tu mostras uma página, e voltas a fechar o livro. A história é longa e eu tenho medo de não me dares tempo de a ler, quem sabe sequer se me darás o privilegio de a conhecer. Completa. Intensa. Verdadeira. Duvido. Sempre guardarás para ti o que realmente dói. Podes até contá-lo. Mas partilhá-lo? Nunca. Com a partilha, vem a dádiva. Tu não me queres dar o teu sofrimento que te corroí, apesar de pareceres sempre tão imune, eu sei que ele ferve nas tuas veias, é pesado na tua alma e naquela noite caiu leve pelos teus olhos e fechou-se nos teus lábios. Deste-me a beber um sal amargo. Eu dei-te o doce das minhas mãos e o silêncio  para te dar o espaço. Amar-te é isto.

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