Tomaste-me em teus braços como o mar
que se envolve no céu gelado de branco assustado pelo vento que o parece
rasgar.
Sei que a alma te agarra enquanto a
boca se deleita no teu ombro. Dou-te um beijo suave e percorro o teu desgosto.
Tu ofereces-me o mundo em troca
sentes-me o gosto.
As tuas palavras sonham mas trazem-me
uma realidade que já esqueci. Como se a vida fosse só tua e eu a vivesse
através de ti. Palavras. Tantas palavras que se conjugam num amor pintado nas paredes
do quarto.
Dou-te sendo tua, os meus pés que são
teu caminho, repleto de traços. Os traços da tua pele que me alentam o corpo
cansado, rasgado, recortado vezes sem conta e por ti junto, reunido, inteiro
pela primeira vez desde que é corpo.
Agora digo-me inteira, já não me reparto
em pedaços. A história respira nos pedaços. Os pedaços são o espaço que ocupa a
história, A minha história é um conto que roça levemente a ficção, escreve-me o
final, eu que se deu no outro. Escreve. Escreve-me nos teus gestos, prende-me
ao teu abraço, tatua-me com o sal das minhas lágrimas em teu peito. Faz-me de
vez tua e deixa-me adormecer no meu próprio cansaço.
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