sexta-feira, julho 3

As horas ultrapassaram o ponteiro do relógio, como virgulas que pausam o barulho ensurdecedor de uma qualquer cidade lá longe, recôndita, esquecida numa permanência desigual. Quando regressei ao meu corpo, aquele que me acompanhou em todos os dias depois da tua perda, apercebi-me de que um corpo se torna cru com uma facilidade quase indigna. Pareceu-me certo, voltar a procurar-te, não me resignar a um esquecimento facilitador daquilo que me pode trazer a desistência de te encontrar. Quanto mais passos eu dava, mais contrapontos me desapontavam, mais falhas no passeio me desencontravam, mais corropios me desencadeavam. Eu não te percebi, eu nunca te compreendi, essa é a verdade mais pura do nosso entendimento. EU e TU SEMPRE FOMOS ESTRANHOS QUE DERAM EM MÃOS sem responsabilidade QUE SE BEIJARAM sem pedido ou ajuste de contas. E agora cá estou eu e tu dois conhecidos que se encontram na estranheza do que um dia acharam conhecer, uma pele que se conhecia e que agora se repele. Como? Porquê? Talvez teimosia, talvez a doçura dos anos a menos. Não sei. Tenho medo de descobrir, medo que seja demais. TARDE. DEMAIS.

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