terça-feira, fevereiro 23
Fiquei
Enquanto a noite caía e o céu se vestia de azul escuro com brilho de marfim, eu pensava no que ainda me agarrava a este lugar. Seriam as cores, a tua respiração no vento que não me largava, a chuva que me cobria a pele repetidamente? Achei que não tinha nada a perder, ninguém para amar. Mas tenho. Fiquei. Eu queria tanto ir-me embora. Mas não fui, permaneci neste lugar. Mas sei que não é para sempre.
Qualquer dia vou. Qualquer dia já não volto.Vou sem me despedir. Eu nunca gostei de despedidas. Doi-me a garganta quando tenho que dizer adeus, para sempre.
Preciso de ir, já não consigo ficar. Há novos lugares para mim, pessoas que passam por mim nas ruas que quero descobrir. Eu já não sou daqui, eu sou de lá.
Qualquer dia vou. Qualquer dia já não volto.Vou sem me despedir. Eu nunca gostei de despedidas. Doi-me a garganta quando tenho que dizer adeus, para sempre.
Preciso de ir, já não consigo ficar. Há novos lugares para mim, pessoas que passam por mim nas ruas que quero descobrir. Eu já não sou daqui, eu sou de lá.
sábado, fevereiro 20
domingo, fevereiro 14
Gelo
Duas pedras de gelo separam a minha vida da tua. Elas giram num copo sem fundo, até caírem no meu colo e se derreterem infinitamente, como lágrimas recheadas de sal nas ondas do mar. Porquê o gelo? Porquê este frio submisso que nos congela,que me queima a pele, que prende todos os músculos do meu corpo, que gela a minha boca e que a impede de dizer o quanto gosto de ti? Porquê? Olha para mim de frente, não me olhes nas costas lá não verás o meu coração. Olha-me nos olhos, eu preciso do teu perdão. Não vás pelo caminho mais fácil, escolhe o mais longo, aquele onde as curvas nunca acabam, no qual as feridas se esgotam, mas onde o fim vem mascarado de desejo. Vem. Não fiques preso a ti. Vem para cá. Para perto de mim. Quebra este muro, sente o frio. Cala o gelo que corre nas tuas veias, e que percorre o meu corpo. Sente o gelo, aquece o frio.
quinta-feira, fevereiro 11
Não sei amar
Chegaste com olhos recheados de amor e eu fugi.
Desculpa.
Mas eu não sei amar.
Sei ouvir, sem falar, mas não sei amar.
Tenho medo.
Medo de amar.
Desculpa, mas eu não sei amar.
Desculpa.
Mas eu não sei amar.
Sei ouvir, sem falar, mas não sei amar.
Tenho medo.
Medo de amar.
Desculpa, mas eu não sei amar.
Hoje
Hoje amanheci para te ver sorrir mais uma vez. Ver as rugas do teu rosto rasgarem-se mais um pouco na tua pele rosada pela luz do candeeiro. Hoje fui o anjo que te levou nos braços e te guardou na alma para um dia te largar. Tudo porque tu ainda não sabias voar, eu tentei ensinar-te, mas tu não conseguias. Dizias que eras demasiado pesado para tal, que carregavas em ti uma névoa negra que quebrava os teus braços e te pesava a cabeça. Dizias que não vias porque os teus olhos te mostravam bocados de céu pintados de paraíso. Eu acreditava, porque gostava de ti. Apenas por isso. Havia dias em que arrancar-te um sorriso era quase um desafio,mas eu lá conseguia e tu rias-te só pra mim. Eu gostava tanto, quando te rias só para mim. O teu sorriso permanece deitado na minha almofada, onde repouso a minha cabeça todas as noites para voltar a adormecer e estar contigo. É nos meus sonhos que eu te vejo, que eu te beijo, que eu te respiro. É por ti que continuo, é por ti que eu grito. Hoje,sempre e ontem também.
quarta-feira, fevereiro 10
Tardes
Eu continuo a sentir os teus lábios sobre a minha pele. Sentirás tu os meus? As vozes que me perseguem dizem que já não. Que tu já não sentes. Mas eu sinto.
Naquelas tardes que se prolongaram até chegar o dia em que tudo acabou,lembro aquela proximidade que nos levava para além de nós, e que sempre nos trouxe para longe de tudo e todos. Até hoje respiro os segredos que partilhámos, nas horas em que o sol se despedia e eu também. Despedia-me de mim, de todas as formas, em todas as palavras, nos mais pequenos gestos e tornava-me livre. Só para chegar perto de ti. Perto dessa maneira de viver tão pautada pela utopia. E sonhava. Eu era quem me apetecia ser. Eu podia ser mil e uma coisas. Tu nunca eras o mesmo.Mudavas com as estações doano. Preferia-te no Inverno, com a chuva a cair lá fora e cá dentro tu a caíres em ti mesmo. Era quando estavas mais perto de mim. Quando paravas em ti, e eras simplesmente tu mesmo. Adorava ver-te sem fios que te puxavam, sem discursos ensaiados noutras viagens. Eras tu. Eu adorava quando eras tu, porque assim eu também podia ser o que era realmente. Sem jogos ou disfarces. Apenas nós. Um com o outro. Sem feridas abertas na pele que doem no coração. Apenas 2. Apenas amor.
Recordo-me que cheguei até ti com pézinhos de lã, bem devagar para que não fugisses, como fogem os peixes cor de prata que encandeiam os meus olhos, quando eu ponho os meus pés na água salgada.
Eu fui livre. Livre até os teus olhos despirem a minha alma completamente. Aí deixei de ser livre e passei a ser tua. Fiquei embalada nessa tua incerteza. E deixei-me ir. Porque quis, porque fui. Porque fomos o que podemos ser. Não o que eu queria que fôssemos. Secalhar tinha que ser mesmo assim. Os nossos gestos sempre sufocaram as nossas palavras. Eu tinha tanto para dizer, mas sei que tu não podias ouvir. Ás vezes as palavras trazem venenos que não queremos provar. E eu já lidava com os meus pensamentos envenenados, as minhas dúvidas iluminadas de razões que eu própria desconhecia. Era escuro demais para mim. Hoje já não te peço mais do que aquilo que me deste. Não te exigo o que um dia te pedi. Naqueles tempos, eu despia a minha alma pesada e pegava nas palavras escondidas nos teus lábios para me ressuscitar. Agora já não preciso de palavras silenciosas para existir. Nos meus olhos salgados, és hoje uma miragem pintada em tons demagenta que acompanha a minha sombra nas tardes que me esquecem. Eu era a brisa que pousava nos teus cabelos castanhos, e que subitamente se ia embora. Naquelas tardes, eu fui feliz, mas não fui eu. Fui outra. Para ser tua.
Naquelas tardes que se prolongaram até chegar o dia em que tudo acabou,lembro aquela proximidade que nos levava para além de nós, e que sempre nos trouxe para longe de tudo e todos. Até hoje respiro os segredos que partilhámos, nas horas em que o sol se despedia e eu também. Despedia-me de mim, de todas as formas, em todas as palavras, nos mais pequenos gestos e tornava-me livre. Só para chegar perto de ti. Perto dessa maneira de viver tão pautada pela utopia. E sonhava. Eu era quem me apetecia ser. Eu podia ser mil e uma coisas. Tu nunca eras o mesmo.Mudavas com as estações doano. Preferia-te no Inverno, com a chuva a cair lá fora e cá dentro tu a caíres em ti mesmo. Era quando estavas mais perto de mim. Quando paravas em ti, e eras simplesmente tu mesmo. Adorava ver-te sem fios que te puxavam, sem discursos ensaiados noutras viagens. Eras tu. Eu adorava quando eras tu, porque assim eu também podia ser o que era realmente. Sem jogos ou disfarces. Apenas nós. Um com o outro. Sem feridas abertas na pele que doem no coração. Apenas 2. Apenas amor.
Recordo-me que cheguei até ti com pézinhos de lã, bem devagar para que não fugisses, como fogem os peixes cor de prata que encandeiam os meus olhos, quando eu ponho os meus pés na água salgada.
Eu fui livre. Livre até os teus olhos despirem a minha alma completamente. Aí deixei de ser livre e passei a ser tua. Fiquei embalada nessa tua incerteza. E deixei-me ir. Porque quis, porque fui. Porque fomos o que podemos ser. Não o que eu queria que fôssemos. Secalhar tinha que ser mesmo assim. Os nossos gestos sempre sufocaram as nossas palavras. Eu tinha tanto para dizer, mas sei que tu não podias ouvir. Ás vezes as palavras trazem venenos que não queremos provar. E eu já lidava com os meus pensamentos envenenados, as minhas dúvidas iluminadas de razões que eu própria desconhecia. Era escuro demais para mim. Hoje já não te peço mais do que aquilo que me deste. Não te exigo o que um dia te pedi. Naqueles tempos, eu despia a minha alma pesada e pegava nas palavras escondidas nos teus lábios para me ressuscitar. Agora já não preciso de palavras silenciosas para existir. Nos meus olhos salgados, és hoje uma miragem pintada em tons demagenta que acompanha a minha sombra nas tardes que me esquecem. Eu era a brisa que pousava nos teus cabelos castanhos, e que subitamente se ia embora. Naquelas tardes, eu fui feliz, mas não fui eu. Fui outra. Para ser tua.
segunda-feira, fevereiro 8
Outras
Estas palavras estavam difíceis de ser ditas, ou melhor, difíceis de ser escritas.
Mas hoje e talvez só hoje, sinto que é preciso falar o que calei durante muito tempo.
As lágrimas apesar de correrem sem parar no meu rosto incrédulo, são poucas para expressar o que senti quando te ouvi naquele dia. Já havia passado muito tempo desde a última vez que tínhamos estado juntos, havia algo diferente no ar, uma dúvida, uma suspeição até, mas eu continuava a tentar descobrir no teu silêncio as palavras que me confortavam.
Ao ouvir-te dizê-lo, foi como se o "tapete de salvação" que tinha sido este tipo de relacionamento voasse debaixo dos meus pés. Eu estive bem ciente, apartir do momento em que me contaste, que eu era e fui apenas mais uma. Nunca fui especial. "Podia ser eu, como podia ser outra". Lembro-me de tentar furiosamente repetir esta frase vezes sem conta interiormente, até que esta certeza se tornasse mais fácil de engolir.
O teu jogo dói. Magoa-me por completo. E deve magoar as outras que se apaixonam por ti.
As lágrimas caiem, neste presente que me separa de ti.
Tu estás longe.
Mas eu continuo perto de ti.
Quando me devia afastar.
Acabo por estar ao teu alcance.
Quando não deveria estar.
Mata-me de vez. Não literalmente. Ou talvez, como disseste que fui especial. Mata-me especialmente. Para que eu possa renascer e acreditar que existe alguém que um dia me vai amar simplesmente. Sem nunca me ver como um objecto com que se brinca, se volta a brincar, que se larga,que se deixa,que se troca por outro. Mas a quem nunca dizemos o que sentimos, porque os objectos não sabem sentir, não sabem o que isso é. E demonstramos nada, porque se sente nada. Mas passado uns tempos voltamos a lembrar-nos daquele brinquedo que guardámos naquela caixa empoeirada, e vamos buscá-lo mais uma vez. Esse brinquedo fala, mas não incomoda. Brinca mas não exige. Está ali, para uso próprio. E ama sempre, apesar de não ser amado. Sorri sempre apesar de magoado. Se ele se recusar a sair do lugar, vamos puxá-lo e ele vem. Apesar de tudo, vem. Porque a amizade está acima de tudo e apesar de tudo. Tu conseguiste sempre. Conseguiste puxar-me. E eu fui.
Comi os teus restos sem pestanejar.
Eu agora sou os teus restos que acabei de chorar.
Mas hoje e talvez só hoje, sinto que é preciso falar o que calei durante muito tempo.
As lágrimas apesar de correrem sem parar no meu rosto incrédulo, são poucas para expressar o que senti quando te ouvi naquele dia. Já havia passado muito tempo desde a última vez que tínhamos estado juntos, havia algo diferente no ar, uma dúvida, uma suspeição até, mas eu continuava a tentar descobrir no teu silêncio as palavras que me confortavam.
Ao ouvir-te dizê-lo, foi como se o "tapete de salvação" que tinha sido este tipo de relacionamento voasse debaixo dos meus pés. Eu estive bem ciente, apartir do momento em que me contaste, que eu era e fui apenas mais uma. Nunca fui especial. "Podia ser eu, como podia ser outra". Lembro-me de tentar furiosamente repetir esta frase vezes sem conta interiormente, até que esta certeza se tornasse mais fácil de engolir.
O teu jogo dói. Magoa-me por completo. E deve magoar as outras que se apaixonam por ti.
As lágrimas caiem, neste presente que me separa de ti.
Tu estás longe.
Mas eu continuo perto de ti.
Quando me devia afastar.
Acabo por estar ao teu alcance.
Quando não deveria estar.
Mata-me de vez. Não literalmente. Ou talvez, como disseste que fui especial. Mata-me especialmente. Para que eu possa renascer e acreditar que existe alguém que um dia me vai amar simplesmente. Sem nunca me ver como um objecto com que se brinca, se volta a brincar, que se larga,que se deixa,que se troca por outro. Mas a quem nunca dizemos o que sentimos, porque os objectos não sabem sentir, não sabem o que isso é. E demonstramos nada, porque se sente nada. Mas passado uns tempos voltamos a lembrar-nos daquele brinquedo que guardámos naquela caixa empoeirada, e vamos buscá-lo mais uma vez. Esse brinquedo fala, mas não incomoda. Brinca mas não exige. Está ali, para uso próprio. E ama sempre, apesar de não ser amado. Sorri sempre apesar de magoado. Se ele se recusar a sair do lugar, vamos puxá-lo e ele vem. Apesar de tudo, vem. Porque a amizade está acima de tudo e apesar de tudo. Tu conseguiste sempre. Conseguiste puxar-me. E eu fui.
Comi os teus restos sem pestanejar.
Eu agora sou os teus restos que acabei de chorar.
quinta-feira, fevereiro 4
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
de José Régio "Cântico Negro"
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
de José Régio "Cântico Negro"
Cereja amarga da cor do ébano
Cereja amarga da cor do ébano
Sempre presente no meu coração
Sujo de tanto bater
Por tua causa
Ele que exala os meus sentimentos
Que quebra os meus passos
Para que eu me possa reerguer mais uma vez
Assim eu nasço mais uma vez
Assim eu grito
Eu perco-me para me voltar a encontrar
Trago a vontade de começar de novo
De partir sorrindo no voltar
De esquecer para perdoar
De fugir para te voltar a abraçar
Sempre presente no meu coração
Sujo de tanto bater
Por tua causa
Ele que exala os meus sentimentos
Que quebra os meus passos
Para que eu me possa reerguer mais uma vez
Assim eu nasço mais uma vez
Assim eu grito
Eu perco-me para me voltar a encontrar
Trago a vontade de começar de novo
De partir sorrindo no voltar
De esquecer para perdoar
De fugir para te voltar a abraçar
Bola de sabão
Foi no teu compasso de espera que eu continuei a ficar. Permaneci ali, entre palavras caladas pela força dos afectos, entre gritos perdidos em memórias de outros tempos. E ali fiquei, quieta, sossegada, refugiada naquele canto que era só meu. Protegida por uma bola de sabão que me envolvia docemente, sempre frágil, sempre para me abraçar. Até que rebentou e eu tive medo. Foi nela que me escondi, que disfarcei o que quis e o que não quis. Foi através dela que te vi, foi dentro dela que te deixei partir. Eu queria ser transparente como ela. Voar pelo céu livremente sem nunca me partir em pedaços de sabão e água. Queria ser eterna dentro dela, e que ela nunca se atrevesse a sair de fora de mim. Mas ela deixou-me. Completamente despida de protecção. Agora estava só eu.
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