domingo, fevereiro 14

Gelo

Duas pedras de gelo separam a minha vida da tua. Elas giram num copo sem fundo, até caírem no meu colo e se derreterem infinitamente, como lágrimas recheadas de sal nas ondas do mar. Porquê o gelo? Porquê este frio submisso que nos congela,que me queima a pele, que prende todos os músculos do meu corpo, que gela a minha boca e que a impede de dizer o quanto gosto de ti? Porquê? Olha para mim de frente, não me olhes nas costas lá não verás o meu coração. Olha-me nos olhos, eu preciso do teu perdão. Não vás pelo caminho mais fácil, escolhe o mais longo, aquele onde as curvas nunca acabam, no qual as feridas se esgotam, mas onde o fim vem mascarado de desejo. Vem. Não fiques preso a ti. Vem para cá. Para perto de mim. Quebra este muro, sente o frio. Cala o gelo que corre nas tuas veias, e que percorre o meu corpo. Sente o gelo, aquece o frio.

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