Ela não contou tudo, apesar de ter contado muito até. Contou o que podia. Será que ela devia ter contado? Podia eu ouvir? Deu-me vontade de ir até ao fundo da questão, e saber tudo. Rasgar a dor que ainda existe dentro dela e trazê-la comigo, resgatá-la de todo aquele silêncio que nos corrompe que vence as nossas palavras, mesmo quando damos luta.
Queria puxar os fios daquela marioneta com toda a força, quebrar-lhe a expressão falsamente feliz e dizer-lhe: diz, fala, conta eu estou aqui a ouvir.
Posso não perceber, não saber ajudar, mas estou aqui humildemente com os meus olhos bem abertos cegados pela tua grandiosidade, de alma descoberta para te guardar, de corpo cansado de te procurar. Não me peças para não te ouvir, pede-me antes para fingir que não te oiço.
Eu descubro todos os teus passos através do teu olhar inquieto que não esconde os teus pensamentos e que revela todas as tuas ansiedades. Se os olhos são o espelho da alma, são também o reflexo do teu coração, que brilha apesar de tudo, mas que ainda chora contudo. Não esqueceste, eu sei. Nós sabemos, só não o dizemos. Está aí. Não foi embora essa pequena dor, que teima em existir no mais solarengo dia. Tu escondes, mas é nos mais banais gestos que se vê. Está no teu olhar. Cresceu dentro de ti, como se o teu coração fosse um esconderijo. Mas agora vê-se. Sempre se sentiu, mas agora vê-se. Eu sabia que não a tinhas perdido. Só sei que nunca a querias ter encontrado.
quarta-feira, janeiro 27
quarta-feira, janeiro 20
Pontos
- Tal como um copo de moscatel.
- No passado já me importei, é verdade.
- Se eu fosse um toque de magia...
- Por momentos ser real.
- Não vês os meus olhos.
- Juntar as peças do puzzle.
- Vou! Não vou!
- Igual como sempre!
- Juizo para ti.
- Fui longe na tua asa.
- Pouco de si.
- Marcaste.
- Aprovação dos outros.
- Alguém para mim.
- Feliz.
- Eu sou o sim, tu és o não.
- Certezas.
- Meia culpa.
Lengalenga
Porque quando te vejo não me vejo a mim. Vejo que te conheço mas não me reconheço em ti. Páro para ouvir o que tu dizes e nada daquilo que hoje dizes, é novo para mim. São constantes repetições de lengalengas enfeitadas de amor mas que nada me dizem a mim. São ruídos de esperança ecoados com o único prepósito de me agarrar a ti, mas eu não deixo. O meu corpo não permite, os meus pés estão presos ao chão da sala, eu não saio mais daqui. Não vou, nem fico. Permaneço. Porque sim. Não porque te devo alguma coisa. Só, porque deve ser assim. Tenho o dever de pelo menos te ouvir, e o direito de ficar calada. Já nada mais há para dizer. Apenas ouvir-te. A ti, nesse discurso inflamado de tanta surpresa em eu estar a agir assim.
Nós já fomos aquilo que fomos, noutra altura, num tempo que era só nosso. O plural deixou de existir. Agora os caminhos são diferentes. Eu escolhi um lado e tu foste por outro. O lado que é só teu. No qual eu já não estou incluída porque escolhi. Eu acho que tu não escolheste. Foste. Foste, apenas para onde era mais perto. Porque o longe, custa. É um longo caminho a percorrer. E tu não queres o esforço, optas por cair em glória. E caíste na minha.
Nós já fomos aquilo que fomos, noutra altura, num tempo que era só nosso. O plural deixou de existir. Agora os caminhos são diferentes. Eu escolhi um lado e tu foste por outro. O lado que é só teu. No qual eu já não estou incluída porque escolhi. Eu acho que tu não escolheste. Foste. Foste, apenas para onde era mais perto. Porque o longe, custa. É um longo caminho a percorrer. E tu não queres o esforço, optas por cair em glória. E caíste na minha.
segunda-feira, janeiro 18
Fuga
Parte, mas não partas sem mim.
É difícil demais desaparecer para sempre assim.
Vem sussurrar aquilo que eu grito, para toda a gente ouvir.
É difícil demais desaparecer para sempre assim.
Vem sussurrar aquilo que eu grito, para toda a gente ouvir.
Yes, I can
Sinto o meu tempo a mudar , a minha vida a pedir para eu ficar onde estou. Para não fugir daqui, para lutar aqui. Para continuar comigo.
Nestes dias de Inverno, há sempre um sol que me chama e que acalma as minhas ânsias que nunca terminam. Porque eu sei que algo vem aí, e é bom. Fico ansiosa, sinto este anseio refrescante a percorrer as minhas veias, não sei o que é mas sei que vem aí. Nem sei a razão, só sei que vem aí. É como se fosse um pressentimento. Ou melhor uma vontade em que algo mude. E eu sei que vai mudar. Porque a mudança está nas minhas mãos, a habilidade para a realizar na minha cabeça, e a dificuldade permanece no meu coração. A minha alma já está lavada, despida de todas as suspeitas, de todas as dúvidas. Yes, I can.
Nestes dias de Inverno, há sempre um sol que me chama e que acalma as minhas ânsias que nunca terminam. Porque eu sei que algo vem aí, e é bom. Fico ansiosa, sinto este anseio refrescante a percorrer as minhas veias, não sei o que é mas sei que vem aí. Nem sei a razão, só sei que vem aí. É como se fosse um pressentimento. Ou melhor uma vontade em que algo mude. E eu sei que vai mudar. Porque a mudança está nas minhas mãos, a habilidade para a realizar na minha cabeça, e a dificuldade permanece no meu coração. A minha alma já está lavada, despida de todas as suspeitas, de todas as dúvidas. Yes, I can.
A tua Saudade
Senti tanta saudade. Agora que revejo o que era teu, uma carteira recheada de fotografias de quem gostavas. De nós. Por quem eu sei davas a vida, a que já foi tua.
Ás vezes páro no tempo, para um instante tudo voltar ao que era. Sinto falta do teu jardim, de ir ter contigo, da viagem de comboio até lá. Do cheiro daquela inocência que era só minha. Sinto saudades da tua voz, das palavras que dizias sem pensar. Daquele jeito que nasceu contigo de te meteres com as pessoas. Chegavas e aquele mundo era teu, as atenções viravam-se instantaneamente para ti, porque tu eras dono e senhor daquela conversa cativante, daquele sorriso matreiro escondido naquela voz poderosa.
Adorava quando me fazias rir. Eras intempestivo, possessivo, terra-a-terra e um bon vivant, verdade seja dita. Sempre imaginei que na tua juventude deves ter vivido a tua vida ao máximo, da forma que te apeteceu vivê-la.
Partiste cedo para mim. Tão cedo. Sinto na minha pele os beijos que me davas na face e que eu não gostava porque a tua barba picava. Lembro-me quando pedias para te coçarmos as costas, o que vim depois a descobrir que deve ser genético, já a mãe me pede o mesmo sempre que pode.
Recordo o orgulho que nunca escondeste ter nas tuas netas, espalhavas a toda a gente essa tua devoção desmedida. Ás vezes acho que até sou parecida contigo, afinal tenho o mesmo feitio difícil que tu, tenho a facilidade de pôr os outros a rir, tenho um amor desmedido por quem gosto e pelas coisas nesta vida que me apaixonam, e como tu gosto de viver a vida como quero. Quando sofro, sofro tudo o que há para sofrer e mais um bocadinho. Sou oito ou oitenta. Devo ter puxado a ti nestas características. Já para não falar na aptidão para o drama, como tu invento problemas onde eles não existem. Faço filmes, parecidos com aqueles que tu fazias ás vezes. Gosto de comer bem, do bom e do melhor, de gastar dinheiro, desde que este seja gasto em algo que me traga um bom momento. Adoro cheiros, lembro-me também do cheiro do teu after shave, nunca me esqueci.
Mas sobretudo o mais idêntico entre nós, é que como eu, não consegues viver sem o amor daqueles que amas. Talvez seja por isso que partiste. Porque o teu amor foi-se embora, primeiro do que tu, e tu não aguentaste tal solidão. Recordo-me de não conseguires perceber o que se passava com ela, de não te conformares com os "disparates" que ela fazia derivados da doença. Até que um dia enfrentaste a realidade, ela já não era a TUA Lina, era prisioneira daquela doença, que lhe esmorecia a memória, que lhe matava o olhar, que a levava aos poucos para longe de nós. Tenho a certeza que precisavas dela para continuar e por isso não continuaste. Gostava muito que conhecesses a Leonor, seria mais um orgulho para ti. Ficarias insuportável de tão babado. Ainda por cima ela adormece como tu, com as mãos debaixo da cabeça. Há coisas que não se explicam, são assim porque são. Tinhas que estar presente, e eu sei que nunca vais deixar de estar. Quando vou a Belém dou por mim, á tua procura, naquele jardim, tu e a tua bengala, o teu chapéu, os óculos castanhos, e a tua voz perdida por aqueles caminhos. Quando lá vou, sinto-me bem. Assoberbada por memórias e recordações que me emocionam . Feliz , porque sei que aquele lugar vai ser meu para sempre. Porque era nosso. Porque os lugares permanecem para nos lembrar das pessoas que partem mas que continuam a ficar.
Ás vezes páro no tempo, para um instante tudo voltar ao que era. Sinto falta do teu jardim, de ir ter contigo, da viagem de comboio até lá. Do cheiro daquela inocência que era só minha. Sinto saudades da tua voz, das palavras que dizias sem pensar. Daquele jeito que nasceu contigo de te meteres com as pessoas. Chegavas e aquele mundo era teu, as atenções viravam-se instantaneamente para ti, porque tu eras dono e senhor daquela conversa cativante, daquele sorriso matreiro escondido naquela voz poderosa.
Adorava quando me fazias rir. Eras intempestivo, possessivo, terra-a-terra e um bon vivant, verdade seja dita. Sempre imaginei que na tua juventude deves ter vivido a tua vida ao máximo, da forma que te apeteceu vivê-la.
Partiste cedo para mim. Tão cedo. Sinto na minha pele os beijos que me davas na face e que eu não gostava porque a tua barba picava. Lembro-me quando pedias para te coçarmos as costas, o que vim depois a descobrir que deve ser genético, já a mãe me pede o mesmo sempre que pode.
Recordo o orgulho que nunca escondeste ter nas tuas netas, espalhavas a toda a gente essa tua devoção desmedida. Ás vezes acho que até sou parecida contigo, afinal tenho o mesmo feitio difícil que tu, tenho a facilidade de pôr os outros a rir, tenho um amor desmedido por quem gosto e pelas coisas nesta vida que me apaixonam, e como tu gosto de viver a vida como quero. Quando sofro, sofro tudo o que há para sofrer e mais um bocadinho. Sou oito ou oitenta. Devo ter puxado a ti nestas características. Já para não falar na aptidão para o drama, como tu invento problemas onde eles não existem. Faço filmes, parecidos com aqueles que tu fazias ás vezes. Gosto de comer bem, do bom e do melhor, de gastar dinheiro, desde que este seja gasto em algo que me traga um bom momento. Adoro cheiros, lembro-me também do cheiro do teu after shave, nunca me esqueci.
Mas sobretudo o mais idêntico entre nós, é que como eu, não consegues viver sem o amor daqueles que amas. Talvez seja por isso que partiste. Porque o teu amor foi-se embora, primeiro do que tu, e tu não aguentaste tal solidão. Recordo-me de não conseguires perceber o que se passava com ela, de não te conformares com os "disparates" que ela fazia derivados da doença. Até que um dia enfrentaste a realidade, ela já não era a TUA Lina, era prisioneira daquela doença, que lhe esmorecia a memória, que lhe matava o olhar, que a levava aos poucos para longe de nós. Tenho a certeza que precisavas dela para continuar e por isso não continuaste. Gostava muito que conhecesses a Leonor, seria mais um orgulho para ti. Ficarias insuportável de tão babado. Ainda por cima ela adormece como tu, com as mãos debaixo da cabeça. Há coisas que não se explicam, são assim porque são. Tinhas que estar presente, e eu sei que nunca vais deixar de estar. Quando vou a Belém dou por mim, á tua procura, naquele jardim, tu e a tua bengala, o teu chapéu, os óculos castanhos, e a tua voz perdida por aqueles caminhos. Quando lá vou, sinto-me bem. Assoberbada por memórias e recordações que me emocionam . Feliz , porque sei que aquele lugar vai ser meu para sempre. Porque era nosso. Porque os lugares permanecem para nos lembrar das pessoas que partem mas que continuam a ficar.
sexta-feira, janeiro 8
O que foi não volta a Ser
Sei o que já não tenho. Porque permaneci quieta no meu canto. Deixei de lutar, se é que alguma vez lutei.
Não posso dizer que partiste porque ainda não te foste embora. Continuas cá , no único lugar que a minha alma não fechou. Sinto-te nos meus pensamentos perdidos, estás lá e cá, em todas as horas em todos os desejos. Nos dias que passam devagar é a tua voz que guia a minha pressa em acabar o que nunca foi meu. Porque nunca foste meu, porque eu quis ser tua. Porque não queria estar na tua mão, tão cheia de ses, de não sei´s de tudo, menos de sins. Nunca disseste o sim que queria ouvir, nem sequer abriste as portas da tua vida. Não me deixaste entrar. Agora reflicto sozinha, e vejo tudo como um filme antigo. Cena a cena, a história começa a tornar-se irrelevante. É apenas mais uma, como eu fui para ti. Apenas isso. Quanto mais vejo o filme, mais me recordo das palavras que nele faltam, as palavras que não te disse, a raiva que não ouviste, o amor que não te consegui dar porque tudo era demais e acabou por ser de menos para mim. O vazio no teu coração que tu nunca viste, nem te apercebeste. Eu não deixei, escondi. Cheguei mesmo a fingir, para não ser dor, para ser o que era. Tanto que não soubeste, tanto que não sentiste. E agora? O que resta deste filme? Sobra a pena que tenha sido assim, mas sobrevive a realidade que realça que não podia ser, não dava mais, acabou. Ou melhor acabámo-nos um ao outro, atráves do que dissemos, do que escondemos, nunca jogámos limpo. Porque encarámos isto como um jogo, fomos peões num jogo de xadrez e deixamos que o jogo se apodera-se de nós. Ninguém ganhou, ninguém fez xeque-mate. Apenas eu perdi. Mas tu também não ganhaste. Porque permaneces fechado nessa tua bolha impenetrável de razão e certeza. Já não há nada a fazer, nem lugares nossos por onde fugir. Há que encarar a perda daquilo que nunca foi nem teu nem meu. A sorte que nos juntou tornou-se no azar que nos aproximou. E no sujo do jogo nunca surge o amor, surge a dúvida. Dúvida essa constante, que sempre permaneceu escondida nos sorrisos quebrados pela suspeita. Agora só falta vermos o fim do filme, e senti-lo. Acordar e saber que o que foi não volta a ser por muito que (ainda) se queira, como dizem os Xutos.
Não posso dizer que partiste porque ainda não te foste embora. Continuas cá , no único lugar que a minha alma não fechou. Sinto-te nos meus pensamentos perdidos, estás lá e cá, em todas as horas em todos os desejos. Nos dias que passam devagar é a tua voz que guia a minha pressa em acabar o que nunca foi meu. Porque nunca foste meu, porque eu quis ser tua. Porque não queria estar na tua mão, tão cheia de ses, de não sei´s de tudo, menos de sins. Nunca disseste o sim que queria ouvir, nem sequer abriste as portas da tua vida. Não me deixaste entrar. Agora reflicto sozinha, e vejo tudo como um filme antigo. Cena a cena, a história começa a tornar-se irrelevante. É apenas mais uma, como eu fui para ti. Apenas isso. Quanto mais vejo o filme, mais me recordo das palavras que nele faltam, as palavras que não te disse, a raiva que não ouviste, o amor que não te consegui dar porque tudo era demais e acabou por ser de menos para mim. O vazio no teu coração que tu nunca viste, nem te apercebeste. Eu não deixei, escondi. Cheguei mesmo a fingir, para não ser dor, para ser o que era. Tanto que não soubeste, tanto que não sentiste. E agora? O que resta deste filme? Sobra a pena que tenha sido assim, mas sobrevive a realidade que realça que não podia ser, não dava mais, acabou. Ou melhor acabámo-nos um ao outro, atráves do que dissemos, do que escondemos, nunca jogámos limpo. Porque encarámos isto como um jogo, fomos peões num jogo de xadrez e deixamos que o jogo se apodera-se de nós. Ninguém ganhou, ninguém fez xeque-mate. Apenas eu perdi. Mas tu também não ganhaste. Porque permaneces fechado nessa tua bolha impenetrável de razão e certeza. Já não há nada a fazer, nem lugares nossos por onde fugir. Há que encarar a perda daquilo que nunca foi nem teu nem meu. A sorte que nos juntou tornou-se no azar que nos aproximou. E no sujo do jogo nunca surge o amor, surge a dúvida. Dúvida essa constante, que sempre permaneceu escondida nos sorrisos quebrados pela suspeita. Agora só falta vermos o fim do filme, e senti-lo. Acordar e saber que o que foi não volta a ser por muito que (ainda) se queira, como dizem os Xutos.
Só
O amor é nada mais do que uma ilusão, um começo que tem sempre um fim. Cada dia é menos um dia, mas tu continuas a ter esperança de saber amar. O amor nunca tem razão, mas acaba aos poucos à espera de um perdão que não chega. A união que nos liga é cada vez mais fria, mais impessoal. Acaba por ser meramente ocasional. Já não és a minha única saída, já nem sequer significas o mundo para mim. Quero cometer os meus erros, encontrar a minha voz, descobrir a minha força, percorrer o meu caminho. Perder o que tenho e voltar a ganhar. Quero arriscar, ser eu própria, sem cores berrantes nem preconceitos, sem palavras perfeitas e dialectos cruzados de mentira. Quero ser apenas eu, despida de valores, e obrigações. Quero ser eu,a sós, sem ti, simplesmente assim.
Instantes
Conversas perdidas na mesa do café de sempre
Promessas esquecidas entre um cigarro e um sorriso
Confissões sussurradas na falta de um motivo
Momentos que se encontram
Pessoas que se cruzam
Vidas que continuam
Lembranças que permanecem
Guardadas na saudade
Promessas esquecidas entre um cigarro e um sorriso
Confissões sussurradas na falta de um motivo
Momentos que se encontram
Pessoas que se cruzam
Vidas que continuam
Lembranças que permanecem
Guardadas na saudade
Foi melhor assim
Porque é que os rapazes fazem certas perguntas que nos levam a acreditar outra vez? Questões colocadas para fazer de nós seres amnésicos outrora contaminados por tantos furacões em forma de incertezas, dúvidas e o mais grave de tudo : constatações. Talvez porque queremos sempre ter o que já tivemos. Ou então que pelo menos, aquela relação onde tanto batalhámos tenha um final feliz, ou pelo menos um fim disfarçado de felicidade, uma felicidade fingida é verdade, com o único prepósito de aparentar que está tudo bem e poder dizer a frase que mais renego no mundo: “foi melhor assim”. Não há frase mais contentada no Universo do que esta. Nunca percebi porque é que os rapazes se contentam, em vez de se superarem, de tentarem ir para lá daquilo que têm. Nós somos complicadas, muito sonhadoras, fantasiosas,mas principalmente insatisfeitas. E é nessa insatisfação que eu acredito que esteja a nossa maior virtude e nosso maior defeito. A busca de algo por vezes inatingivel é verdade, mas esta nossa insatisfação leva-nos a ambicionar, a lutar pelo que queremos realmente com todas as forças que temos, nunca deixando de acreditar. Os rapazes só lutam na conquista, e esquecem-se de lutar quando realmente há luta. Têm medo de se entregar porque numa “vida passada” alguém os desiludiu. Esquecem-se é que eles também já desiludiram alguém. E é nesse compasso de espera entre o vai não vai, que uma rapariga se pergunta exaustamente: porquê que ele não quer mais do que isto? E a resposta é... porque não sabe onde se está a meter. Os rapazes gostam de ter a situação no seu controlo, saber o chão que pisam, o que têm e o que não têm, o que é deles e o que é dos outros. São mais calculistas, e mais discretos. Só quando realmente se apaixonam é que tudo muda, e aí também são magoados tal e qual como as raparigas. Mas a maioria cala essa mágoa, não a espalhando aos quatro ventos. E quando são desiludidos dessa maneira, não deixam qualquer pessoa entrar no seu coração. Deixam, mas deixam a medo. É preciso alguém se dar ao trabalho de lhes alimentar uma sede que nunca seca.Parece que depois de sermos magoados o medo acentua-se. Cresce uma incerteza constante, em que a resposta não sei se torna um vício, uma forma de fugir ao que realmente queremos.
Caminho
Foste-te perdendo nas ruas desta vida
Sem te aperceberes que não havia uma saída
Procuras-te um caminho que não te encontrava
Perdeste o medo que aos poucos te matava
Por entre estradas sem fim
Procuras-te um pouco de mim
Achaste pedaços de solidão
Foste saudade sem seres oração
Voltaste atrás sem dizeres uma palavra
Não esperaste que o céu te dissesse nada
Calaste as lágrimas com segredos
Gritaste o silêncio tantas vezes sem medos
Continuaste em busca de um amor eterno
Que te levasse para além do inferno
Descobriste a paz que te abraçou
Perdoaste quem um dia te magoou
Sempre que quiseste fugir
A tua alma pediu-te para lutar
Ganhaste uma vida a sorrir,
E agora já não queres cá ficar
Serás para sempre a pequena luz
Que reflecte o meu sonhar
És a esperança adormecida
Aquela em que eu vou acreditar
Não me digas o que foste
Nem sejas quem não eras
Sou ferida aberta na pele
Nunca serei o que tu esperas
Por mais que cada minuto
Afaste os dias que não passam
Eu sinto que vou sobreviver
Nas saudades que nunca acabam
Sem te aperceberes que não havia uma saída
Procuras-te um caminho que não te encontrava
Perdeste o medo que aos poucos te matava
Por entre estradas sem fim
Procuras-te um pouco de mim
Achaste pedaços de solidão
Foste saudade sem seres oração
Voltaste atrás sem dizeres uma palavra
Não esperaste que o céu te dissesse nada
Calaste as lágrimas com segredos
Gritaste o silêncio tantas vezes sem medos
Continuaste em busca de um amor eterno
Que te levasse para além do inferno
Descobriste a paz que te abraçou
Perdoaste quem um dia te magoou
Sempre que quiseste fugir
A tua alma pediu-te para lutar
Ganhaste uma vida a sorrir,
E agora já não queres cá ficar
Serás para sempre a pequena luz
Que reflecte o meu sonhar
És a esperança adormecida
Aquela em que eu vou acreditar
Não me digas o que foste
Nem sejas quem não eras
Sou ferida aberta na pele
Nunca serei o que tu esperas
Por mais que cada minuto
Afaste os dias que não passam
Eu sinto que vou sobreviver
Nas saudades que nunca acabam
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