sexta-feira, janeiro 8

Foi melhor assim

Porque é que os rapazes fazem certas perguntas que nos levam a acreditar outra vez? Questões colocadas para fazer de nós seres amnésicos outrora contaminados por tantos furacões em forma de incertezas, dúvidas e o mais grave de tudo : constatações. Talvez porque queremos sempre ter o que já tivemos. Ou então que pelo menos, aquela relação onde tanto batalhámos tenha um final feliz, ou pelo menos um fim disfarçado de felicidade, uma felicidade fingida é verdade, com o único prepósito de aparentar que está tudo bem e poder dizer a frase que mais renego no mundo: “foi melhor assim”. Não há frase mais contentada no Universo do que esta. Nunca percebi porque é que os rapazes se contentam, em vez de se superarem, de tentarem ir para lá daquilo que têm. Nós somos complicadas, muito sonhadoras, fantasiosas,mas principalmente insatisfeitas. E é nessa insatisfação que eu acredito que esteja a nossa maior virtude e nosso maior defeito. A busca de algo por vezes inatingivel é verdade, mas esta nossa insatisfação leva-nos a ambicionar, a lutar pelo que queremos realmente com todas as forças que temos, nunca deixando de acreditar. Os rapazes só lutam na conquista, e esquecem-se de lutar quando realmente há luta. Têm medo de se entregar porque numa “vida passada” alguém os desiludiu. Esquecem-se é que eles também já desiludiram alguém. E é nesse compasso de espera entre o vai não vai, que uma rapariga se pergunta exaustamente: porquê que ele não quer mais do que isto? E a resposta é... porque não sabe onde se está a meter. Os rapazes gostam de ter a situação no seu controlo, saber o chão que pisam, o que têm e o que não têm, o que é deles e o que é dos outros. São mais calculistas, e mais discretos. Só quando realmente se apaixonam é que tudo muda, e aí também são magoados tal e qual como as raparigas. Mas a maioria cala essa mágoa, não a espalhando aos quatro ventos. E quando são desiludidos dessa maneira, não deixam qualquer pessoa entrar no seu coração. Deixam, mas deixam a medo. É preciso alguém se dar ao trabalho de lhes alimentar uma sede que nunca seca.Parece que depois de sermos magoados o medo acentua-se. Cresce uma incerteza constante, em que a resposta não sei se torna um vício, uma forma de fugir ao que realmente queremos.

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