terça-feira, dezembro 20
As ruas estão cheias de gente que passa por mim no seu próprio compasso fechado, pesado mas ao mesmo tempo musical. O som da calçada acompanha os seus passos, a luz da cidade ilumina os seus rostos que trazem histórias, memórias de várias vidas. E aqui neste lugar cruzam-se tantas caras diferentes, milhares de corações que batem de forma única,cada um à sua maneira e no fundo somos todos iguais. Cada um com as suas feridas, cada um com as suas alegrias, mas no fundo a carne é a mesma só o coração bate a um ritmo diferente. E é no coração desta cidade que estes corações se juntam no simples gesto de existir. Porque a cidade os acolhe de dia ou de noite, a todas as horas. Nunca está sozinha, está sempre acompanhada de almas com algo para contar, com olhos que denunciam tantas palavras, tantos sentimentos presos no olhar.
quarta-feira, dezembro 14
Par e Ìmpar
Deparado com o espelho da alma não sabe em que contraponto se encontrar. Por mais que os dias mudem e as horas se desencontrem nos segundos que se apagam em esboços de outros universos, de outros paladares, o cheiro a saudade continua a embalar o sono que não chega para se despedir da noite que se entrega encantada pelo beijo da luz de mais uma madrugada.
O adormecer dos laços toca-lhe os lábios e enlouquece-lhe os pensamentos. O adeus que não disse, hoje permanece esquecido nos olhos dela. Abraçou-a, beijou-a em sonhos numa espécie de amanhecer tardio que se deita sobre a linha do horizonte.
Através de memórias desencontradas ele revê-se no fogo das palavras que por hoje ainda não vai calar. O tempo aborreceu-se de tanto esperar. Ele um dia foi vida, agora é tristeza que se decapita em cada abraço que fica por dar. Ela é ímpar no amor, ele é par no verbo amar .
Ver por Dentro

Quando nos damos fica tarde demais para nos abrigarmos na saudade e nos fecharmos no coração. Já não podemos fugir na esperança do outro não nos descobrir, não nos sentir na sua pele que queima os lábios que se trocaram por olhares inebriados, que hoje nesta mesma noite que amanhã já não volta, se amortecem pelo tempo que teima em não parar.
terça-feira, agosto 16
Carne com osso sem sentir
Encontrada de alma morta naquele chão, onde só aquele soalho frio pintado de losangos violeta foi testemunha de tamanha solidão. Ali estava ela, um corpo sem alma, o frio que envolvia o soalho contrastava com o corpo ainda quente, que se despedia tardio com um simples abraço da sua já tão distante alma. Apesar de morta, o coração ainda bate. O corpo ainda se prolonga em forma de sangue que corre nas veias. Apenas a alma partiu e levou consigo a mente de pensamentos sonhadores, de memórias, recordações, passos dados que já não voltam atrás. A cabeça partiu com a alma e não vai voltar como era dantes. O cinzeiro laranja aceso de beatas ilumina a sala escura de paredes vermelhas que aquecem o coração. Não há tempo para suspiros, ela preenche o chão com o vazio, só existe um único barulho, apenas a melodia ensurdecedora do soalho que a sustenta. No chão jaz uma fotografia queimada pelo calor do tempo, como se o tempo parasse e ela tivesse parado com ele. Naquela folha de papel com pedaços de vida num embalo que a leva, os seus olhos levam-na ao lugar que na folha está pintado. Mas ela continua presa ao soalho que não a deixa partir. Até que num rasgo de vida os olhos se acendem para contemplar o que a rodeia, mas ela desiste. O que os seus olhos vêem a sua alma já não sente, a alma partiu. Ela morreu de alma e coração e ninguém viu, ninguém deu conta. Nos sorrisos tanta dor e ninguém os calou com um beijo. Ela levantou-se mais uma vez, mas a alma dela ficou no soalho. Partiu. Já não volta. Ela é corpo. Carne com osso sem sentir. O coração bate mas não se move. Os olhos vêem mas não sugam dos outros a verdade. Nunca mais sentiu. Nunca mais olhou. Carne com osso que já não sabe sentir.
Armadura Leve
Sempre arranjei formas de sufocar o meu próprio sofrimento. O meu sorriso sempre foi a minha maior arma contra o olhar preocupado dos que me rodeiam, ate os que me conhecem bem às vezes não vislumbram a minha alma triste. É um mecanismo de defesa, como lhe chamam os conhecedores da arte de viver ou melhor sobreviver. Nunca soube esconder a alegria, sempre se viu estampada no meu corpo, no mexer das mãos, nos rodopios do meu corpo, no bater do meu pé no chão recheado de entusiasmo porque a felicidade me batia a porta, nas gargalhadas vindas do fundo do espelho da alma que me pede para gritar. Já a minha tristeza essa guardo para mim, o meu corpo fecha-se e por mais que os meus olhos me denunciem não a partilho sequer contigo. Não a partilho com ninguém. Posso falar, até chorar. Mas não a partilho, a tristeza vive cá dentro e cá dentro permanecerá. Por agora serei feliz, sorridente até triunfante na minha forma de dançar a vida. Só cá dentro serei rio que gela a pele e cobre o coração de lodo, cinzento e vazio. Vento que abre veloz as janelas do quarto e me vem buscar para eu partir. Aqui serei uma folha em branco onde alguém escreveu, e que eu risquei para me apagar.
Falo de ti, como que resisto.
Não és de novo aquele, és outro igual mas com recortes de vilão. Eu pego-te ao colo sou feliz. És cá dentro o que não deixaste de fora. És fora tudo o que de nada tens dentro. Cada palavra é escolhida a dedo. Cada gesto personalizado. Sais por cima, eu não gosto de ficar ao lado. Fico cá dentro e por agora tu cá fora fechado.
Falo de ti, como que resisto.
Não és de novo aquele, és outro igual mas com recortes de vilão. Eu pego-te ao colo sou feliz. És cá dentro o que não deixaste de fora. És fora tudo o que de nada tens dentro. Cada palavra é escolhida a dedo. Cada gesto personalizado. Sais por cima, eu não gosto de ficar ao lado. Fico cá dentro e por agora tu cá fora fechado.
quarta-feira, julho 13
Mil Cores, Um Amor
É como se tudo fosse um grito, onde eu não consigo permanecer. Nada encaixa, nada cala o medo de mim.
Beijo as minhas feridas na esperança que se tornem chamas na minha pele. Por momentos sinto-me viva. Mas nada me chega. As cicatrizes doem no coração e eu não as consigo limpar. Os meus olhos revelam demais, o meu sorriso esconde de menos.
Perco-me nos círculos que me agarram e não me deixam continuar. Chaves que abrem caminhos não abrem o meu coração, parece que o fecharam para sempre.
Conheço-me nas palavras de quem me revela. Escondo-me nos gritos mudos que vivem em mim. A música beija o meu corpo quente e pede-me para voar. Eu voo até encontrar o caminho para casa. A linha que liga o meu passado ao meu presente foi quebrada. Agora só tenho de voar, de me deixar fugir por entre os versos de alguma canção. Os meus ouvidos tornam-se calados para o mundo e tão vivos para a musica. Torno-me cruel, busco a saudade, por momentos sou mais fugaz que a própria vida. Ninguém me encontra, porque eu fugi de mim.
Não me quero ver no espelho do mundo, ele nunca mostra o que está guardado em mim.
Pintam-me de cores que eu não reconheço,riscam-me o rosto com palavras inquietas, cravam no meu corpo suposições vazias de sentimento . Não veem a minha cor de verdade, o vermelho ocre que corre nas minhas veias e que tem tanto para contar. O vermelho da raiva, da duvida, da dor. Dizem que o vermelho é a cor do amor. Eu acho que não. O meu amor nunca foi vermelho, foi complexo demais para ser de uma só cor. Teve tantas, e eu deixei-as fugir a todas.
Voltaste nos meus sonhos, e eu sei que foi para me mostrar as cores que eu perdi. Tenho pena que não as possa roubar do sonho e ficar com elas para mim. Mas no sonho estou perto de ti, e longe do mundo que pensa que sabe de mim. O teu sorriso conhece-me, tenho saudades de ti. Sei que não podes voltar. Só em sonhos. Anseio que chegue a hora de adormecer, para vires até mim e nos teus olhos eu ver-me como sou de verdade, Sei que olhas por mim. Foste tu que me ensinaste o que era o amor. Eu nunca me esqueci. Nunca falaste muito, mas a tua presença respirava sabedoria. Sinto falta dela. Muita. Eras tu que me protegias do mundo. Procuro-te nos meus olhos. Ás vezes encontro-te. Vejo-me no espelho que tu me vias, e o mundo parece mais tranquilo. Sinto-me criança outra vez e fujo. Lembras-te quando era pequena, e achava que sabia tudo? E tu dizias que nem tu sabias. Que ninguém sabe. Tinhas razão. Saber demais leva-nos para além de nós, e saber tudo, ninguém sabe.
E de mim, sabem tão pouco.
Beijo as minhas feridas na esperança que se tornem chamas na minha pele. Por momentos sinto-me viva. Mas nada me chega. As cicatrizes doem no coração e eu não as consigo limpar. Os meus olhos revelam demais, o meu sorriso esconde de menos.
Perco-me nos círculos que me agarram e não me deixam continuar. Chaves que abrem caminhos não abrem o meu coração, parece que o fecharam para sempre.
Conheço-me nas palavras de quem me revela. Escondo-me nos gritos mudos que vivem em mim. A música beija o meu corpo quente e pede-me para voar. Eu voo até encontrar o caminho para casa. A linha que liga o meu passado ao meu presente foi quebrada. Agora só tenho de voar, de me deixar fugir por entre os versos de alguma canção. Os meus ouvidos tornam-se calados para o mundo e tão vivos para a musica. Torno-me cruel, busco a saudade, por momentos sou mais fugaz que a própria vida. Ninguém me encontra, porque eu fugi de mim.
Não me quero ver no espelho do mundo, ele nunca mostra o que está guardado em mim.
Pintam-me de cores que eu não reconheço,riscam-me o rosto com palavras inquietas, cravam no meu corpo suposições vazias de sentimento . Não veem a minha cor de verdade, o vermelho ocre que corre nas minhas veias e que tem tanto para contar. O vermelho da raiva, da duvida, da dor. Dizem que o vermelho é a cor do amor. Eu acho que não. O meu amor nunca foi vermelho, foi complexo demais para ser de uma só cor. Teve tantas, e eu deixei-as fugir a todas.
Voltaste nos meus sonhos, e eu sei que foi para me mostrar as cores que eu perdi. Tenho pena que não as possa roubar do sonho e ficar com elas para mim. Mas no sonho estou perto de ti, e longe do mundo que pensa que sabe de mim. O teu sorriso conhece-me, tenho saudades de ti. Sei que não podes voltar. Só em sonhos. Anseio que chegue a hora de adormecer, para vires até mim e nos teus olhos eu ver-me como sou de verdade, Sei que olhas por mim. Foste tu que me ensinaste o que era o amor. Eu nunca me esqueci. Nunca falaste muito, mas a tua presença respirava sabedoria. Sinto falta dela. Muita. Eras tu que me protegias do mundo. Procuro-te nos meus olhos. Ás vezes encontro-te. Vejo-me no espelho que tu me vias, e o mundo parece mais tranquilo. Sinto-me criança outra vez e fujo. Lembras-te quando era pequena, e achava que sabia tudo? E tu dizias que nem tu sabias. Que ninguém sabe. Tinhas razão. Saber demais leva-nos para além de nós, e saber tudo, ninguém sabe.
E de mim, sabem tão pouco.
quinta-feira, junho 9
Com olhos de menino
Reconto os passos que dei vezes sem conta, até me encontrar na pura certeza que te procuro onde não existes. É só uma forma de estar mais perto de ti. Mais perto de nós. Páro. Repenso. E não consigo. Por mais voltas que dê, encontro sempre o rapaz com olhos de menino que um dia me disse: não entendo o porquê,mas confio em ti. Confias-te, e eu deixei que falasses, que contasses o que escondias. Conheci o menino em vez do rapaz. Os outros não te conheceram assim, limitaram-se a achar que tu és, o que mostras. Eu vi para além disso. Tu permitiste que eu te visse o coração. E te olhasse nos olhos. Tinhas medo dos meus, disseste que os meus olhos viam para além de ti. E viram, viram mais do que eu queria ver. Viram a alma que pede ajuda silenciosa. Que temeu que o seu corpo fosse para além de si. Guardo-te só para mim. Não divido os momentos com mais ninguém. Eles não iam compreender. A chuva que caía lá fora testemunhou os teus segredos e a minha boca calou-se para sempre. é este para sempre que custa. O grito que dói por não gritar. O adeus que não se disse, na pressa de nunca mais errar. Não foi um erro. Foram duas almas que se abraçaram sem braços para se agarrar.
sexta-feira, maio 13
Perco
Perco-me nos teus braços sem palavras para me deter, para travar o meu instinto. Sei que é isto que o meu espírito anseia, em cada passo em cada gesto. Negas-me o toque, foges nos interlúdios da minha canção. Não te peço, exijo. Não sei perguntar. Os meus lábios calam-se na sede do teu beijo. O meu corpo guarda as marcas do lume aceso na minha pele. Pedes-me um sorriso, dou-te um abraço magoado. Peço-te agora. Mas tu só vens nos meus sonhos dourados. Passas por mim na mais pura cumplicidade. Agarras-me num abraço e pedes-me que fique. Eu corro. Corro sem olhar para trás. Para não falar. Não consigo falar, as minhas palavras cruzam-se no teu caminho. Quero fugir mas tu não deixas. Quando eu quis ficar, tu deixaste-me. Só nos sonhos, me acodes. Só nos sonhos estás perto. Tão longe nas palavras, tão perto na memória.
quinta-feira, março 10
ao som de creep
A música conta que és como um anjo, a tua pele faz-me chorar e eu só queria ser especial.
Se a luta fosse entre o corpo e a alma, o meu coração saía derrotado. O teu silêncio queima todas as dúvidas e faz transparecer a realidade daquilo que és. Apenas mais um coração morto que encontrei perdido, num caminho que muitas vezes percorri sem chegar a lado nenhum. De mim já só tens os restos daquilo que fui. Provoco em ti um sentimento de fuga. Eu ditei a partida.
O que faço eu aqui, como diz a melodia eu não pertenço a este lugar, que estou eu aqui a fazer, e tu és tão especial, quem me dera ser tão especial.
Pedi que o nosso mundo parasse. Ele parou. E agora eu não consigo avançar sem ele.Não espero que o entendas, muito menos que o oiças nos ruídos das recordações. O que sou para ti eu sei responder, sou vazio que se fez quente em palavras que adoçaram a tua alma e controlaram o teu corpo translúcido de sensações. És igual a mim nas certezas, tão diferente nas tuas dúvidas. Não te percas no vazio que te pede para te calares. Fala com os olhos, ama com a alma, deseja com o coração. Não desejes com o corpo. Antes que o circulo se feche em ti. Apenas sei, o vazio. Apenas conheço o medo. E os teus braços não me pediram para ficar. E eu parti. Sem medo nos olhos, nem amor na pele. Apenas com uma paz que eu não sei aceitar.
És um anjo que pertence ao inferno. Eu sou o inferno que te queimou a alma e te enclausurou numa vida que não conhecias. Dei-te o prazer da descoberta. Tu ouviste o meu sorriso nas lágrimas que guardei. Eu ouvi, tinhas tanto para contar. E eu tanto para sentir. Entraste na loucura, perdeste a pouca lucidez que tinhas. Eu fui demais para ti. Mais do que aquilo que podias aguentar, ambos sabemos o muito que o pouco significa. Ambos sentimos. Ambos prometemos. Nenhum de nós cumpriu.
Deixei-te ser especial. Pus-me no canto da sala, mais uma vez. E é lá que vou ficar. Sem te incomodar. Mas não me peças para fingir os meus olhos. Não consigo, não posso. Eles dizem a verdade, e escondem o medo. Sempre que te aproximares.
Perdida nesta fantasia gelada que me invade o corpo de tanta saudade, encontro-me na corroída insanidade que me pede para te agarrar.
Se a luta fosse entre o corpo e a alma, o meu coração saía derrotado. O teu silêncio queima todas as dúvidas e faz transparecer a realidade daquilo que és. Apenas mais um coração morto que encontrei perdido, num caminho que muitas vezes percorri sem chegar a lado nenhum. De mim já só tens os restos daquilo que fui. Provoco em ti um sentimento de fuga. Eu ditei a partida.
O que faço eu aqui, como diz a melodia eu não pertenço a este lugar, que estou eu aqui a fazer, e tu és tão especial, quem me dera ser tão especial.
Pedi que o nosso mundo parasse. Ele parou. E agora eu não consigo avançar sem ele.Não espero que o entendas, muito menos que o oiças nos ruídos das recordações. O que sou para ti eu sei responder, sou vazio que se fez quente em palavras que adoçaram a tua alma e controlaram o teu corpo translúcido de sensações. És igual a mim nas certezas, tão diferente nas tuas dúvidas. Não te percas no vazio que te pede para te calares. Fala com os olhos, ama com a alma, deseja com o coração. Não desejes com o corpo. Antes que o circulo se feche em ti. Apenas sei, o vazio. Apenas conheço o medo. E os teus braços não me pediram para ficar. E eu parti. Sem medo nos olhos, nem amor na pele. Apenas com uma paz que eu não sei aceitar.
És um anjo que pertence ao inferno. Eu sou o inferno que te queimou a alma e te enclausurou numa vida que não conhecias. Dei-te o prazer da descoberta. Tu ouviste o meu sorriso nas lágrimas que guardei. Eu ouvi, tinhas tanto para contar. E eu tanto para sentir. Entraste na loucura, perdeste a pouca lucidez que tinhas. Eu fui demais para ti. Mais do que aquilo que podias aguentar, ambos sabemos o muito que o pouco significa. Ambos sentimos. Ambos prometemos. Nenhum de nós cumpriu.
Deixei-te ser especial. Pus-me no canto da sala, mais uma vez. E é lá que vou ficar. Sem te incomodar. Mas não me peças para fingir os meus olhos. Não consigo, não posso. Eles dizem a verdade, e escondem o medo. Sempre que te aproximares.
Perdida nesta fantasia gelada que me invade o corpo de tanta saudade, encontro-me na corroída insanidade que me pede para te agarrar.
terça-feira, fevereiro 22
Xeque- Mate
Encontrar-te hoje trouxe á tona uma data de questões acerca de tudo. Pôs em causa, quem eu sou agora, quem serás tu... Já não te conheço. Nem tu a mim. Se é que algum dia nos conhecemos. O tempo passou tão rápido. Mas agora, no vazio do meu quarto as horas tardam em passar. Aqui estou, parada em mim. Relembrando os passos de outros dias, de outros momentos. Porque é que comigo, não deu? Não funcionou? Não sei responder. A culpa não é de ninguém. Nunca prometeste, o que não pudeste dar. Eu é que quis puxar de ti, certezas que não existiam. Continuei, recusei-me a parar. Lutei sempre. Chegou o fim, e eu saí derrotada. Eu sei. Mas tu não sabes. Porque eu nunca o mostrei, nunca o disse.Nem o vou fazer. A história terminou. Antes de eu ter caído em mim. Talvez eu não saiba amar. Talvez não tenha aprendido. Talvez não se aprenda. Talvez nunca ninguém o tentou ensinar. Amei-te á minha maneira, na sombra dos meus beijos, no escuro do meu olhar, no sopro dos meus braços. Disse-te tantas vezes, sem abrir a boca para o revelar. Tu não deste conta, ou fingiste que não viste. Os meus olhos sorriam o meu amor. E tu não viste, não o sentiste, não o levaste contigo. Ele perdeu-se no chão do desejo. E hoje morreu sufocado pelas paredes do meu quarto que não o deixam fugir. O meu amor por ti está aqui fechado. E já não volta para ti, é só meu. Está aqui guardado na noite que aquece a minha alma e nos sonhos que vão invadir o meu sono pesado. Uma garrafa de porto invade a minha mente de lembranças que ficam para me sossegar do espirito inquieta que teima em não me largar. Hoje sou o resto que deixaste de mim. Na noite crua, vazia, perdida de ti.
segunda-feira, fevereiro 7
Quarto crescente
Fugiste para não me ver. Aliás para não veres o espelho de ti em mim. Não adianta disfarçar que nada aconteceu. A vida é um conjunto de momentos que se propagam em noites de cor fria que se aquecem nos nossos corações. O meu já perdeu o batimento pautado pelo som da tua voz. Já não a oiço a algum tempo. Falta-me a coragem de a ouvir outra vez. Foste um estilhaço de luz que invadiu a minha vida e qual estrela cadente se perdeu no céu abençoado pelo luar de uma madrugada de mil cores. Não sei se te vou voltar a encontrar. Só sei que trago em mim muito de ti. Deixaste em mim, parte de ti.
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