Não sejas seguro, perde-te do teu norte. Vem para cá. Não fujas para onde é perto. Sai da casa que te acolheu, vem correr no perigo que os teus olhos desconhecem.
Vem perder-te comigo. Vamos vencer o medo em conjunto. Percorre o meu corpo e esquece-te do que nos separa. Porque é que a vida nos sufoca? Já perdi o teu toque. Não sei onde ficou. Não me recordo. Talvez perdido nas confissões que fizeste e que eu guardei para mim. Porque tu confiaste. E eu não sei porquê. Disseste palavras que não se dizem assim, sem mais nem menos. Escolheste-me a mim. Não compreendi. Viste nos meus olhos, aquela que não te condena por seres o que és. Sou o lugar onde podes deitar todos os teus segredos. Sabes que eles não vêem ao de cima para te atormentar. Deitaste o peso fora e depositaste no meu coração. Porquê eu?
quarta-feira, dezembro 22
segunda-feira, outubro 18
sexta-feira, outubro 8
Uma só
Porque é que esta dor não vai embora ?
Nos compassos dos meus sorrisos ela quebra a melodia dos meus encantos e permanece para me calar. Para onde foste? Já não te sinto mais. Quero te perto mas deixei.te longe.
Fora de mão.
Caíste das minhas mãos como farpas caiem do céu quebrado de já não te ter aqui.
Furaste o meu caminho com palavras que ainda hoje tornam a minha boca doce quando as repito. Doce que se tornou amargo com o chegar dos dias que nos afastam cada vez mais. Não partas para sempre. Eu não sei viver no fim. Mas também não quero ficar a meio. Não me deixes nas entrelinhas do teu coração. Sinto o calor do sangue a percorrer as minhas veias quando te oiço na noite que me impede de ficar. Tu não sabes quantas mãos te vão pedir para ficares. Quantos sonhos são pecados na minha mente fria que não sabe parar. Foste a droga que me alimentou durante anos, que me fez continuar. Eu não te consigo largar porque o amargo do tua pele me pede para a beijar. A sujidade crua do meu corpo traz-me as lembranças esquecidas dos momentos de paixão. Fomos um só. Um de cada vez. Cada um na sua vez. Um só, que é sozinho. Separado no coração mas junto na pele. Lembro-me de ti quando a máscara cai e mostra a face despida de juras do que quer que seja. Nunca prometemos. Eu nunca jurei. Mas não menti. Eu sou uma só. Contigo.
Nos compassos dos meus sorrisos ela quebra a melodia dos meus encantos e permanece para me calar. Para onde foste? Já não te sinto mais. Quero te perto mas deixei.te longe.
Fora de mão.
Caíste das minhas mãos como farpas caiem do céu quebrado de já não te ter aqui.
Furaste o meu caminho com palavras que ainda hoje tornam a minha boca doce quando as repito. Doce que se tornou amargo com o chegar dos dias que nos afastam cada vez mais. Não partas para sempre. Eu não sei viver no fim. Mas também não quero ficar a meio. Não me deixes nas entrelinhas do teu coração. Sinto o calor do sangue a percorrer as minhas veias quando te oiço na noite que me impede de ficar. Tu não sabes quantas mãos te vão pedir para ficares. Quantos sonhos são pecados na minha mente fria que não sabe parar. Foste a droga que me alimentou durante anos, que me fez continuar. Eu não te consigo largar porque o amargo do tua pele me pede para a beijar. A sujidade crua do meu corpo traz-me as lembranças esquecidas dos momentos de paixão. Fomos um só. Um de cada vez. Cada um na sua vez. Um só, que é sozinho. Separado no coração mas junto na pele. Lembro-me de ti quando a máscara cai e mostra a face despida de juras do que quer que seja. Nunca prometemos. Eu nunca jurei. Mas não menti. Eu sou uma só. Contigo.
quarta-feira, setembro 22
sexta-feira, setembro 10
Talvez amanhã
Não sei como te foste embora. Mas sei que já cá não moras. No lugar do amor foste esperança que morreu antes de nascer. Ainda te procuro na ilusão de um dia te encontrar, perdido nas entrelinhas que nos puxam para cá ficar. Não te encontro. Finalmente partiste. E eu sei que tu não voltas porque nem adeus disseste. Quando alguém diz adeus normalmente volta. Nem que seja para voltar a partir outra vez. Muitas vezes dou por mim a ser feliz e a perceber que não estás aqui, que não fazes parte desta minha felicidade que me encontra quando eu menos a procuro. E sou feliz sem ti. Houve alturas em que achei que isso seria impossível. Mas agora sei que não. A felicidade está presente nos pequenos pormenores e nas histórias banais do dia a dia. Já não te encontro, e cansei de te procurar. Os que se enganam não voltam. Porque não querem enganar outra vez. Fechei as portas, mas continuei á janela. Hoje não. Talvez amanhã. Não voltes.
sexta-feira, julho 16
I
Quando é que vais acordar para ti e veres as estrelas que pintaste nesse céu cinzento repleto de mágoa e dor. Quanto brilho deste ás palavras que emolduraste em sorrisos de sinceridade fingida. Quando é que vais deixar de tropeçar nos outros para fazeres o teu caminho. Esta foi a rota que escolheste, andaste ás voltas com as mentiras, inventaste para não subires ao mais alto degredo que se espelhou em ti. Porquê eu? Não sei quantas palavras disse, quantos sonhos desenhei naquele tumulto de emoções que para mim eram verdadeiras. Quem foste tu afinal? Quem és tu? Já nem eu sei o que sou depois de tudo isto. De todos os disfarces, poeiras, brisas de vento que rasgam a minha pele a cada dia como se fossem farpas pintadas de vermelho sangue deixo-me cair na minha própria tentação de continuar apesar de tudo . Deixei-me levar pela tua “verdade” que mais tarde descobri ser a mais meticulosa das mentiras. Já não me reconheço. Sei que me tornei mais ferida, mais arredia, e fugidia. Fujo de pessoas como tu. Não vais conseguir. Porque eu fui a verdade que tu não conseguiste aguentar. A honestidade imersa na sinceridade quente que te beijou os lábios e que disse que te amava. Enganaste-me. Disseste-o primeiro até. Lembro-me de pensar bem antes de dizer a palavra mágica que torna tudo mais sério, mais real. Mas disse. Amo.te com todas as letras e perfeita de sentimento. Fui fiel ao que sentia. O medo não foi embora. E ele teve razão para permanecer em mim. Não sei se te renego. Sei que não te quero. Gostava que não te escondesses atrás dessa cobardia que te implora para ficares. Ficares assim achado em ti, nas tuas novas opções. Gabo o facto de pisares os outros e conseguires seguir em frente. Quando piso alguém, tremo. Volto atrás. Penso e repenso e caio no meu erro. Ás vezes é tarde demais para pedir desculpa. Mas pelo menos a minha consciência pesa. Pesará a tua? Acho que não, és demasiado frio e leviano para sentir o peso da mentira no teu coração. Remorsos não terás ,porque não tê sentes culpado. Vives num trapézio com rede. O meu nunca teve rede, nem braços para me agarrar. Sempre fui assim, vivi tudo ao máximo, se cair caí mas sei que fui para além de mim. Agora só me quero levantar. Preciso de força para te perdoar, por agora só te consigo odiar a todas as horas a todos os minutos. Finjo que esqueci para me poder erguer nos dias que correm sublimes aos meus olhos tristes. Sorrio porque ainda sei sorrir. Vou sempre sorrir. Porque a minha vida não é isto. Porque tu não és a minha vida. Sei que se parasse de sorrir, morria. No dia em que não achar piada a nada, mato-me. Quero morrer sorrindo. Quero continuar a viver rindo. Se choro é porque sinto. Tu não sentes. Tu finges que te magoa. A mim queima. A ti aquece, apenas aquece mas não marca. A mim marcou e não foi embora. Ficou para me lembrar que a vida não é cor de rosa como eu queria tanto pintá-la. A minha agora está em branco, um branco vazio que atropela as minhas tentativas de lhe dar alguma cor, de lhe dar fantasia. Já não sou sonho, sou realidade. Realidade que me corres nas veias vazias de sangue quente. Tornei-me fria. Prefiro não parar, porque se paro penso. Se penso, vou voltar ao circulo em que me fechaste. Não te quero em mim.
terça-feira, maio 25
Verme
As mentiras cairam nos meus braços em dias que prefiro esquecer. Já nem sei o que de nós foi verdade. Nada, penso eu. Perdida nas lembranças de momentos felizes, recheados de puros sorrisos embalados por lágrimas que trazemos cá dentro. Lágrimas de medo. Medo do amanhã. Eu deixei o medo partir-se em pedaços expectatantes do que havia por vir. Não tive medo, deixei-me ir. Eu queria tanto. Eu só queria viver isto. Tinha certezas que hoje sei que foram erros repletos de coincidências do acaso. Porquê? Foste tão injusto. Enganaste o nosso caminho, fugiste dos trilhos com cobardia. Nem cara tens para me enfrentar. Não quero explicações, quero coragem. Quero que sejas um homem e admitas tudo o que fizeste. Que não te escondas nos outros. Que sejas um homem em vez de seres um verme que por sorte respira. A cada dia que passa descubro mais. Sofro de uma doença chamada honestidade e penso que os outros á minha volta também estão doentes. Mas tu não, não sofres deste mal que se caracteriza por sermos verdadeiros connosco e com os outros. Tens mentiroso escrito na testa só eu é que não vi. Não te sentes sujo? Sujo de ser assim? Um verme absurdo que vagueia pela vida enganando os outros. Cuidado meu amor, um dia nem o chão vai querer ser pisado por ti.
sábado, março 27
domingo, março 14
Verbo Ser
Vi o meu riso quebrar-se em estilhaços perdidos nas ruas por onde andámos, sóbrios, alegres, contidos, vazios, felizes, tristes. Andámos por aqui, trocando palavras que se acordam com a manhã, e que adormecem nas nossas bocas fechadas de tanto chorar. Somos a ligação entre o tudo e o nada, que se perde interrupta no vazio da nossa cidade. Somos isto. Somos quem tu és? Somos sal, somos pena, somos sol que se aquece breve. Fui vossa, para sempre. Perdi o caminho, caminhei para sempre. Não parei. Continuei. Encontrei. Escondi. Sofri. Mas sempre. Quase sempre. Parei para sorrir. Só mais um pouco. Só mais uma vez. Parei e sorri. Sorri quando te vi. Chorei quando parti.
terça-feira, fevereiro 23
Fiquei
Enquanto a noite caía e o céu se vestia de azul escuro com brilho de marfim, eu pensava no que ainda me agarrava a este lugar. Seriam as cores, a tua respiração no vento que não me largava, a chuva que me cobria a pele repetidamente? Achei que não tinha nada a perder, ninguém para amar. Mas tenho. Fiquei. Eu queria tanto ir-me embora. Mas não fui, permaneci neste lugar. Mas sei que não é para sempre.
Qualquer dia vou. Qualquer dia já não volto.Vou sem me despedir. Eu nunca gostei de despedidas. Doi-me a garganta quando tenho que dizer adeus, para sempre.
Preciso de ir, já não consigo ficar. Há novos lugares para mim, pessoas que passam por mim nas ruas que quero descobrir. Eu já não sou daqui, eu sou de lá.
Qualquer dia vou. Qualquer dia já não volto.Vou sem me despedir. Eu nunca gostei de despedidas. Doi-me a garganta quando tenho que dizer adeus, para sempre.
Preciso de ir, já não consigo ficar. Há novos lugares para mim, pessoas que passam por mim nas ruas que quero descobrir. Eu já não sou daqui, eu sou de lá.
sábado, fevereiro 20
domingo, fevereiro 14
Gelo
Duas pedras de gelo separam a minha vida da tua. Elas giram num copo sem fundo, até caírem no meu colo e se derreterem infinitamente, como lágrimas recheadas de sal nas ondas do mar. Porquê o gelo? Porquê este frio submisso que nos congela,que me queima a pele, que prende todos os músculos do meu corpo, que gela a minha boca e que a impede de dizer o quanto gosto de ti? Porquê? Olha para mim de frente, não me olhes nas costas lá não verás o meu coração. Olha-me nos olhos, eu preciso do teu perdão. Não vás pelo caminho mais fácil, escolhe o mais longo, aquele onde as curvas nunca acabam, no qual as feridas se esgotam, mas onde o fim vem mascarado de desejo. Vem. Não fiques preso a ti. Vem para cá. Para perto de mim. Quebra este muro, sente o frio. Cala o gelo que corre nas tuas veias, e que percorre o meu corpo. Sente o gelo, aquece o frio.
quinta-feira, fevereiro 11
Não sei amar
Chegaste com olhos recheados de amor e eu fugi.
Desculpa.
Mas eu não sei amar.
Sei ouvir, sem falar, mas não sei amar.
Tenho medo.
Medo de amar.
Desculpa, mas eu não sei amar.
Desculpa.
Mas eu não sei amar.
Sei ouvir, sem falar, mas não sei amar.
Tenho medo.
Medo de amar.
Desculpa, mas eu não sei amar.
Hoje
Hoje amanheci para te ver sorrir mais uma vez. Ver as rugas do teu rosto rasgarem-se mais um pouco na tua pele rosada pela luz do candeeiro. Hoje fui o anjo que te levou nos braços e te guardou na alma para um dia te largar. Tudo porque tu ainda não sabias voar, eu tentei ensinar-te, mas tu não conseguias. Dizias que eras demasiado pesado para tal, que carregavas em ti uma névoa negra que quebrava os teus braços e te pesava a cabeça. Dizias que não vias porque os teus olhos te mostravam bocados de céu pintados de paraíso. Eu acreditava, porque gostava de ti. Apenas por isso. Havia dias em que arrancar-te um sorriso era quase um desafio,mas eu lá conseguia e tu rias-te só pra mim. Eu gostava tanto, quando te rias só para mim. O teu sorriso permanece deitado na minha almofada, onde repouso a minha cabeça todas as noites para voltar a adormecer e estar contigo. É nos meus sonhos que eu te vejo, que eu te beijo, que eu te respiro. É por ti que continuo, é por ti que eu grito. Hoje,sempre e ontem também.
quarta-feira, fevereiro 10
Tardes
Eu continuo a sentir os teus lábios sobre a minha pele. Sentirás tu os meus? As vozes que me perseguem dizem que já não. Que tu já não sentes. Mas eu sinto.
Naquelas tardes que se prolongaram até chegar o dia em que tudo acabou,lembro aquela proximidade que nos levava para além de nós, e que sempre nos trouxe para longe de tudo e todos. Até hoje respiro os segredos que partilhámos, nas horas em que o sol se despedia e eu também. Despedia-me de mim, de todas as formas, em todas as palavras, nos mais pequenos gestos e tornava-me livre. Só para chegar perto de ti. Perto dessa maneira de viver tão pautada pela utopia. E sonhava. Eu era quem me apetecia ser. Eu podia ser mil e uma coisas. Tu nunca eras o mesmo.Mudavas com as estações doano. Preferia-te no Inverno, com a chuva a cair lá fora e cá dentro tu a caíres em ti mesmo. Era quando estavas mais perto de mim. Quando paravas em ti, e eras simplesmente tu mesmo. Adorava ver-te sem fios que te puxavam, sem discursos ensaiados noutras viagens. Eras tu. Eu adorava quando eras tu, porque assim eu também podia ser o que era realmente. Sem jogos ou disfarces. Apenas nós. Um com o outro. Sem feridas abertas na pele que doem no coração. Apenas 2. Apenas amor.
Recordo-me que cheguei até ti com pézinhos de lã, bem devagar para que não fugisses, como fogem os peixes cor de prata que encandeiam os meus olhos, quando eu ponho os meus pés na água salgada.
Eu fui livre. Livre até os teus olhos despirem a minha alma completamente. Aí deixei de ser livre e passei a ser tua. Fiquei embalada nessa tua incerteza. E deixei-me ir. Porque quis, porque fui. Porque fomos o que podemos ser. Não o que eu queria que fôssemos. Secalhar tinha que ser mesmo assim. Os nossos gestos sempre sufocaram as nossas palavras. Eu tinha tanto para dizer, mas sei que tu não podias ouvir. Ás vezes as palavras trazem venenos que não queremos provar. E eu já lidava com os meus pensamentos envenenados, as minhas dúvidas iluminadas de razões que eu própria desconhecia. Era escuro demais para mim. Hoje já não te peço mais do que aquilo que me deste. Não te exigo o que um dia te pedi. Naqueles tempos, eu despia a minha alma pesada e pegava nas palavras escondidas nos teus lábios para me ressuscitar. Agora já não preciso de palavras silenciosas para existir. Nos meus olhos salgados, és hoje uma miragem pintada em tons demagenta que acompanha a minha sombra nas tardes que me esquecem. Eu era a brisa que pousava nos teus cabelos castanhos, e que subitamente se ia embora. Naquelas tardes, eu fui feliz, mas não fui eu. Fui outra. Para ser tua.
Naquelas tardes que se prolongaram até chegar o dia em que tudo acabou,lembro aquela proximidade que nos levava para além de nós, e que sempre nos trouxe para longe de tudo e todos. Até hoje respiro os segredos que partilhámos, nas horas em que o sol se despedia e eu também. Despedia-me de mim, de todas as formas, em todas as palavras, nos mais pequenos gestos e tornava-me livre. Só para chegar perto de ti. Perto dessa maneira de viver tão pautada pela utopia. E sonhava. Eu era quem me apetecia ser. Eu podia ser mil e uma coisas. Tu nunca eras o mesmo.Mudavas com as estações doano. Preferia-te no Inverno, com a chuva a cair lá fora e cá dentro tu a caíres em ti mesmo. Era quando estavas mais perto de mim. Quando paravas em ti, e eras simplesmente tu mesmo. Adorava ver-te sem fios que te puxavam, sem discursos ensaiados noutras viagens. Eras tu. Eu adorava quando eras tu, porque assim eu também podia ser o que era realmente. Sem jogos ou disfarces. Apenas nós. Um com o outro. Sem feridas abertas na pele que doem no coração. Apenas 2. Apenas amor.
Recordo-me que cheguei até ti com pézinhos de lã, bem devagar para que não fugisses, como fogem os peixes cor de prata que encandeiam os meus olhos, quando eu ponho os meus pés na água salgada.
Eu fui livre. Livre até os teus olhos despirem a minha alma completamente. Aí deixei de ser livre e passei a ser tua. Fiquei embalada nessa tua incerteza. E deixei-me ir. Porque quis, porque fui. Porque fomos o que podemos ser. Não o que eu queria que fôssemos. Secalhar tinha que ser mesmo assim. Os nossos gestos sempre sufocaram as nossas palavras. Eu tinha tanto para dizer, mas sei que tu não podias ouvir. Ás vezes as palavras trazem venenos que não queremos provar. E eu já lidava com os meus pensamentos envenenados, as minhas dúvidas iluminadas de razões que eu própria desconhecia. Era escuro demais para mim. Hoje já não te peço mais do que aquilo que me deste. Não te exigo o que um dia te pedi. Naqueles tempos, eu despia a minha alma pesada e pegava nas palavras escondidas nos teus lábios para me ressuscitar. Agora já não preciso de palavras silenciosas para existir. Nos meus olhos salgados, és hoje uma miragem pintada em tons demagenta que acompanha a minha sombra nas tardes que me esquecem. Eu era a brisa que pousava nos teus cabelos castanhos, e que subitamente se ia embora. Naquelas tardes, eu fui feliz, mas não fui eu. Fui outra. Para ser tua.
segunda-feira, fevereiro 8
Outras
Estas palavras estavam difíceis de ser ditas, ou melhor, difíceis de ser escritas.
Mas hoje e talvez só hoje, sinto que é preciso falar o que calei durante muito tempo.
As lágrimas apesar de correrem sem parar no meu rosto incrédulo, são poucas para expressar o que senti quando te ouvi naquele dia. Já havia passado muito tempo desde a última vez que tínhamos estado juntos, havia algo diferente no ar, uma dúvida, uma suspeição até, mas eu continuava a tentar descobrir no teu silêncio as palavras que me confortavam.
Ao ouvir-te dizê-lo, foi como se o "tapete de salvação" que tinha sido este tipo de relacionamento voasse debaixo dos meus pés. Eu estive bem ciente, apartir do momento em que me contaste, que eu era e fui apenas mais uma. Nunca fui especial. "Podia ser eu, como podia ser outra". Lembro-me de tentar furiosamente repetir esta frase vezes sem conta interiormente, até que esta certeza se tornasse mais fácil de engolir.
O teu jogo dói. Magoa-me por completo. E deve magoar as outras que se apaixonam por ti.
As lágrimas caiem, neste presente que me separa de ti.
Tu estás longe.
Mas eu continuo perto de ti.
Quando me devia afastar.
Acabo por estar ao teu alcance.
Quando não deveria estar.
Mata-me de vez. Não literalmente. Ou talvez, como disseste que fui especial. Mata-me especialmente. Para que eu possa renascer e acreditar que existe alguém que um dia me vai amar simplesmente. Sem nunca me ver como um objecto com que se brinca, se volta a brincar, que se larga,que se deixa,que se troca por outro. Mas a quem nunca dizemos o que sentimos, porque os objectos não sabem sentir, não sabem o que isso é. E demonstramos nada, porque se sente nada. Mas passado uns tempos voltamos a lembrar-nos daquele brinquedo que guardámos naquela caixa empoeirada, e vamos buscá-lo mais uma vez. Esse brinquedo fala, mas não incomoda. Brinca mas não exige. Está ali, para uso próprio. E ama sempre, apesar de não ser amado. Sorri sempre apesar de magoado. Se ele se recusar a sair do lugar, vamos puxá-lo e ele vem. Apesar de tudo, vem. Porque a amizade está acima de tudo e apesar de tudo. Tu conseguiste sempre. Conseguiste puxar-me. E eu fui.
Comi os teus restos sem pestanejar.
Eu agora sou os teus restos que acabei de chorar.
Mas hoje e talvez só hoje, sinto que é preciso falar o que calei durante muito tempo.
As lágrimas apesar de correrem sem parar no meu rosto incrédulo, são poucas para expressar o que senti quando te ouvi naquele dia. Já havia passado muito tempo desde a última vez que tínhamos estado juntos, havia algo diferente no ar, uma dúvida, uma suspeição até, mas eu continuava a tentar descobrir no teu silêncio as palavras que me confortavam.
Ao ouvir-te dizê-lo, foi como se o "tapete de salvação" que tinha sido este tipo de relacionamento voasse debaixo dos meus pés. Eu estive bem ciente, apartir do momento em que me contaste, que eu era e fui apenas mais uma. Nunca fui especial. "Podia ser eu, como podia ser outra". Lembro-me de tentar furiosamente repetir esta frase vezes sem conta interiormente, até que esta certeza se tornasse mais fácil de engolir.
O teu jogo dói. Magoa-me por completo. E deve magoar as outras que se apaixonam por ti.
As lágrimas caiem, neste presente que me separa de ti.
Tu estás longe.
Mas eu continuo perto de ti.
Quando me devia afastar.
Acabo por estar ao teu alcance.
Quando não deveria estar.
Mata-me de vez. Não literalmente. Ou talvez, como disseste que fui especial. Mata-me especialmente. Para que eu possa renascer e acreditar que existe alguém que um dia me vai amar simplesmente. Sem nunca me ver como um objecto com que se brinca, se volta a brincar, que se larga,que se deixa,que se troca por outro. Mas a quem nunca dizemos o que sentimos, porque os objectos não sabem sentir, não sabem o que isso é. E demonstramos nada, porque se sente nada. Mas passado uns tempos voltamos a lembrar-nos daquele brinquedo que guardámos naquela caixa empoeirada, e vamos buscá-lo mais uma vez. Esse brinquedo fala, mas não incomoda. Brinca mas não exige. Está ali, para uso próprio. E ama sempre, apesar de não ser amado. Sorri sempre apesar de magoado. Se ele se recusar a sair do lugar, vamos puxá-lo e ele vem. Apesar de tudo, vem. Porque a amizade está acima de tudo e apesar de tudo. Tu conseguiste sempre. Conseguiste puxar-me. E eu fui.
Comi os teus restos sem pestanejar.
Eu agora sou os teus restos que acabei de chorar.
quinta-feira, fevereiro 4
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
de José Régio "Cântico Negro"
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
de José Régio "Cântico Negro"
Cereja amarga da cor do ébano
Cereja amarga da cor do ébano
Sempre presente no meu coração
Sujo de tanto bater
Por tua causa
Ele que exala os meus sentimentos
Que quebra os meus passos
Para que eu me possa reerguer mais uma vez
Assim eu nasço mais uma vez
Assim eu grito
Eu perco-me para me voltar a encontrar
Trago a vontade de começar de novo
De partir sorrindo no voltar
De esquecer para perdoar
De fugir para te voltar a abraçar
Sempre presente no meu coração
Sujo de tanto bater
Por tua causa
Ele que exala os meus sentimentos
Que quebra os meus passos
Para que eu me possa reerguer mais uma vez
Assim eu nasço mais uma vez
Assim eu grito
Eu perco-me para me voltar a encontrar
Trago a vontade de começar de novo
De partir sorrindo no voltar
De esquecer para perdoar
De fugir para te voltar a abraçar
Bola de sabão
Foi no teu compasso de espera que eu continuei a ficar. Permaneci ali, entre palavras caladas pela força dos afectos, entre gritos perdidos em memórias de outros tempos. E ali fiquei, quieta, sossegada, refugiada naquele canto que era só meu. Protegida por uma bola de sabão que me envolvia docemente, sempre frágil, sempre para me abraçar. Até que rebentou e eu tive medo. Foi nela que me escondi, que disfarcei o que quis e o que não quis. Foi através dela que te vi, foi dentro dela que te deixei partir. Eu queria ser transparente como ela. Voar pelo céu livremente sem nunca me partir em pedaços de sabão e água. Queria ser eterna dentro dela, e que ela nunca se atrevesse a sair de fora de mim. Mas ela deixou-me. Completamente despida de protecção. Agora estava só eu.
quarta-feira, janeiro 27
Ela não contou
Ela não contou tudo, apesar de ter contado muito até. Contou o que podia. Será que ela devia ter contado? Podia eu ouvir? Deu-me vontade de ir até ao fundo da questão, e saber tudo. Rasgar a dor que ainda existe dentro dela e trazê-la comigo, resgatá-la de todo aquele silêncio que nos corrompe que vence as nossas palavras, mesmo quando damos luta.
Queria puxar os fios daquela marioneta com toda a força, quebrar-lhe a expressão falsamente feliz e dizer-lhe: diz, fala, conta eu estou aqui a ouvir.
Posso não perceber, não saber ajudar, mas estou aqui humildemente com os meus olhos bem abertos cegados pela tua grandiosidade, de alma descoberta para te guardar, de corpo cansado de te procurar. Não me peças para não te ouvir, pede-me antes para fingir que não te oiço.
Eu descubro todos os teus passos através do teu olhar inquieto que não esconde os teus pensamentos e que revela todas as tuas ansiedades. Se os olhos são o espelho da alma, são também o reflexo do teu coração, que brilha apesar de tudo, mas que ainda chora contudo. Não esqueceste, eu sei. Nós sabemos, só não o dizemos. Está aí. Não foi embora essa pequena dor, que teima em existir no mais solarengo dia. Tu escondes, mas é nos mais banais gestos que se vê. Está no teu olhar. Cresceu dentro de ti, como se o teu coração fosse um esconderijo. Mas agora vê-se. Sempre se sentiu, mas agora vê-se. Eu sabia que não a tinhas perdido. Só sei que nunca a querias ter encontrado.
Queria puxar os fios daquela marioneta com toda a força, quebrar-lhe a expressão falsamente feliz e dizer-lhe: diz, fala, conta eu estou aqui a ouvir.
Posso não perceber, não saber ajudar, mas estou aqui humildemente com os meus olhos bem abertos cegados pela tua grandiosidade, de alma descoberta para te guardar, de corpo cansado de te procurar. Não me peças para não te ouvir, pede-me antes para fingir que não te oiço.
Eu descubro todos os teus passos através do teu olhar inquieto que não esconde os teus pensamentos e que revela todas as tuas ansiedades. Se os olhos são o espelho da alma, são também o reflexo do teu coração, que brilha apesar de tudo, mas que ainda chora contudo. Não esqueceste, eu sei. Nós sabemos, só não o dizemos. Está aí. Não foi embora essa pequena dor, que teima em existir no mais solarengo dia. Tu escondes, mas é nos mais banais gestos que se vê. Está no teu olhar. Cresceu dentro de ti, como se o teu coração fosse um esconderijo. Mas agora vê-se. Sempre se sentiu, mas agora vê-se. Eu sabia que não a tinhas perdido. Só sei que nunca a querias ter encontrado.
quarta-feira, janeiro 20
Pontos
- Tal como um copo de moscatel.
- No passado já me importei, é verdade.
- Se eu fosse um toque de magia...
- Por momentos ser real.
- Não vês os meus olhos.
- Juntar as peças do puzzle.
- Vou! Não vou!
- Igual como sempre!
- Juizo para ti.
- Fui longe na tua asa.
- Pouco de si.
- Marcaste.
- Aprovação dos outros.
- Alguém para mim.
- Feliz.
- Eu sou o sim, tu és o não.
- Certezas.
- Meia culpa.
Lengalenga
Porque quando te vejo não me vejo a mim. Vejo que te conheço mas não me reconheço em ti. Páro para ouvir o que tu dizes e nada daquilo que hoje dizes, é novo para mim. São constantes repetições de lengalengas enfeitadas de amor mas que nada me dizem a mim. São ruídos de esperança ecoados com o único prepósito de me agarrar a ti, mas eu não deixo. O meu corpo não permite, os meus pés estão presos ao chão da sala, eu não saio mais daqui. Não vou, nem fico. Permaneço. Porque sim. Não porque te devo alguma coisa. Só, porque deve ser assim. Tenho o dever de pelo menos te ouvir, e o direito de ficar calada. Já nada mais há para dizer. Apenas ouvir-te. A ti, nesse discurso inflamado de tanta surpresa em eu estar a agir assim.
Nós já fomos aquilo que fomos, noutra altura, num tempo que era só nosso. O plural deixou de existir. Agora os caminhos são diferentes. Eu escolhi um lado e tu foste por outro. O lado que é só teu. No qual eu já não estou incluída porque escolhi. Eu acho que tu não escolheste. Foste. Foste, apenas para onde era mais perto. Porque o longe, custa. É um longo caminho a percorrer. E tu não queres o esforço, optas por cair em glória. E caíste na minha.
Nós já fomos aquilo que fomos, noutra altura, num tempo que era só nosso. O plural deixou de existir. Agora os caminhos são diferentes. Eu escolhi um lado e tu foste por outro. O lado que é só teu. No qual eu já não estou incluída porque escolhi. Eu acho que tu não escolheste. Foste. Foste, apenas para onde era mais perto. Porque o longe, custa. É um longo caminho a percorrer. E tu não queres o esforço, optas por cair em glória. E caíste na minha.
segunda-feira, janeiro 18
Fuga
Parte, mas não partas sem mim.
É difícil demais desaparecer para sempre assim.
Vem sussurrar aquilo que eu grito, para toda a gente ouvir.
É difícil demais desaparecer para sempre assim.
Vem sussurrar aquilo que eu grito, para toda a gente ouvir.
Yes, I can
Sinto o meu tempo a mudar , a minha vida a pedir para eu ficar onde estou. Para não fugir daqui, para lutar aqui. Para continuar comigo.
Nestes dias de Inverno, há sempre um sol que me chama e que acalma as minhas ânsias que nunca terminam. Porque eu sei que algo vem aí, e é bom. Fico ansiosa, sinto este anseio refrescante a percorrer as minhas veias, não sei o que é mas sei que vem aí. Nem sei a razão, só sei que vem aí. É como se fosse um pressentimento. Ou melhor uma vontade em que algo mude. E eu sei que vai mudar. Porque a mudança está nas minhas mãos, a habilidade para a realizar na minha cabeça, e a dificuldade permanece no meu coração. A minha alma já está lavada, despida de todas as suspeitas, de todas as dúvidas. Yes, I can.
Nestes dias de Inverno, há sempre um sol que me chama e que acalma as minhas ânsias que nunca terminam. Porque eu sei que algo vem aí, e é bom. Fico ansiosa, sinto este anseio refrescante a percorrer as minhas veias, não sei o que é mas sei que vem aí. Nem sei a razão, só sei que vem aí. É como se fosse um pressentimento. Ou melhor uma vontade em que algo mude. E eu sei que vai mudar. Porque a mudança está nas minhas mãos, a habilidade para a realizar na minha cabeça, e a dificuldade permanece no meu coração. A minha alma já está lavada, despida de todas as suspeitas, de todas as dúvidas. Yes, I can.
A tua Saudade
Senti tanta saudade. Agora que revejo o que era teu, uma carteira recheada de fotografias de quem gostavas. De nós. Por quem eu sei davas a vida, a que já foi tua.
Ás vezes páro no tempo, para um instante tudo voltar ao que era. Sinto falta do teu jardim, de ir ter contigo, da viagem de comboio até lá. Do cheiro daquela inocência que era só minha. Sinto saudades da tua voz, das palavras que dizias sem pensar. Daquele jeito que nasceu contigo de te meteres com as pessoas. Chegavas e aquele mundo era teu, as atenções viravam-se instantaneamente para ti, porque tu eras dono e senhor daquela conversa cativante, daquele sorriso matreiro escondido naquela voz poderosa.
Adorava quando me fazias rir. Eras intempestivo, possessivo, terra-a-terra e um bon vivant, verdade seja dita. Sempre imaginei que na tua juventude deves ter vivido a tua vida ao máximo, da forma que te apeteceu vivê-la.
Partiste cedo para mim. Tão cedo. Sinto na minha pele os beijos que me davas na face e que eu não gostava porque a tua barba picava. Lembro-me quando pedias para te coçarmos as costas, o que vim depois a descobrir que deve ser genético, já a mãe me pede o mesmo sempre que pode.
Recordo o orgulho que nunca escondeste ter nas tuas netas, espalhavas a toda a gente essa tua devoção desmedida. Ás vezes acho que até sou parecida contigo, afinal tenho o mesmo feitio difícil que tu, tenho a facilidade de pôr os outros a rir, tenho um amor desmedido por quem gosto e pelas coisas nesta vida que me apaixonam, e como tu gosto de viver a vida como quero. Quando sofro, sofro tudo o que há para sofrer e mais um bocadinho. Sou oito ou oitenta. Devo ter puxado a ti nestas características. Já para não falar na aptidão para o drama, como tu invento problemas onde eles não existem. Faço filmes, parecidos com aqueles que tu fazias ás vezes. Gosto de comer bem, do bom e do melhor, de gastar dinheiro, desde que este seja gasto em algo que me traga um bom momento. Adoro cheiros, lembro-me também do cheiro do teu after shave, nunca me esqueci.
Mas sobretudo o mais idêntico entre nós, é que como eu, não consegues viver sem o amor daqueles que amas. Talvez seja por isso que partiste. Porque o teu amor foi-se embora, primeiro do que tu, e tu não aguentaste tal solidão. Recordo-me de não conseguires perceber o que se passava com ela, de não te conformares com os "disparates" que ela fazia derivados da doença. Até que um dia enfrentaste a realidade, ela já não era a TUA Lina, era prisioneira daquela doença, que lhe esmorecia a memória, que lhe matava o olhar, que a levava aos poucos para longe de nós. Tenho a certeza que precisavas dela para continuar e por isso não continuaste. Gostava muito que conhecesses a Leonor, seria mais um orgulho para ti. Ficarias insuportável de tão babado. Ainda por cima ela adormece como tu, com as mãos debaixo da cabeça. Há coisas que não se explicam, são assim porque são. Tinhas que estar presente, e eu sei que nunca vais deixar de estar. Quando vou a Belém dou por mim, á tua procura, naquele jardim, tu e a tua bengala, o teu chapéu, os óculos castanhos, e a tua voz perdida por aqueles caminhos. Quando lá vou, sinto-me bem. Assoberbada por memórias e recordações que me emocionam . Feliz , porque sei que aquele lugar vai ser meu para sempre. Porque era nosso. Porque os lugares permanecem para nos lembrar das pessoas que partem mas que continuam a ficar.
Ás vezes páro no tempo, para um instante tudo voltar ao que era. Sinto falta do teu jardim, de ir ter contigo, da viagem de comboio até lá. Do cheiro daquela inocência que era só minha. Sinto saudades da tua voz, das palavras que dizias sem pensar. Daquele jeito que nasceu contigo de te meteres com as pessoas. Chegavas e aquele mundo era teu, as atenções viravam-se instantaneamente para ti, porque tu eras dono e senhor daquela conversa cativante, daquele sorriso matreiro escondido naquela voz poderosa.
Adorava quando me fazias rir. Eras intempestivo, possessivo, terra-a-terra e um bon vivant, verdade seja dita. Sempre imaginei que na tua juventude deves ter vivido a tua vida ao máximo, da forma que te apeteceu vivê-la.
Partiste cedo para mim. Tão cedo. Sinto na minha pele os beijos que me davas na face e que eu não gostava porque a tua barba picava. Lembro-me quando pedias para te coçarmos as costas, o que vim depois a descobrir que deve ser genético, já a mãe me pede o mesmo sempre que pode.
Recordo o orgulho que nunca escondeste ter nas tuas netas, espalhavas a toda a gente essa tua devoção desmedida. Ás vezes acho que até sou parecida contigo, afinal tenho o mesmo feitio difícil que tu, tenho a facilidade de pôr os outros a rir, tenho um amor desmedido por quem gosto e pelas coisas nesta vida que me apaixonam, e como tu gosto de viver a vida como quero. Quando sofro, sofro tudo o que há para sofrer e mais um bocadinho. Sou oito ou oitenta. Devo ter puxado a ti nestas características. Já para não falar na aptidão para o drama, como tu invento problemas onde eles não existem. Faço filmes, parecidos com aqueles que tu fazias ás vezes. Gosto de comer bem, do bom e do melhor, de gastar dinheiro, desde que este seja gasto em algo que me traga um bom momento. Adoro cheiros, lembro-me também do cheiro do teu after shave, nunca me esqueci.
Mas sobretudo o mais idêntico entre nós, é que como eu, não consegues viver sem o amor daqueles que amas. Talvez seja por isso que partiste. Porque o teu amor foi-se embora, primeiro do que tu, e tu não aguentaste tal solidão. Recordo-me de não conseguires perceber o que se passava com ela, de não te conformares com os "disparates" que ela fazia derivados da doença. Até que um dia enfrentaste a realidade, ela já não era a TUA Lina, era prisioneira daquela doença, que lhe esmorecia a memória, que lhe matava o olhar, que a levava aos poucos para longe de nós. Tenho a certeza que precisavas dela para continuar e por isso não continuaste. Gostava muito que conhecesses a Leonor, seria mais um orgulho para ti. Ficarias insuportável de tão babado. Ainda por cima ela adormece como tu, com as mãos debaixo da cabeça. Há coisas que não se explicam, são assim porque são. Tinhas que estar presente, e eu sei que nunca vais deixar de estar. Quando vou a Belém dou por mim, á tua procura, naquele jardim, tu e a tua bengala, o teu chapéu, os óculos castanhos, e a tua voz perdida por aqueles caminhos. Quando lá vou, sinto-me bem. Assoberbada por memórias e recordações que me emocionam . Feliz , porque sei que aquele lugar vai ser meu para sempre. Porque era nosso. Porque os lugares permanecem para nos lembrar das pessoas que partem mas que continuam a ficar.
sexta-feira, janeiro 8
O que foi não volta a Ser
Sei o que já não tenho. Porque permaneci quieta no meu canto. Deixei de lutar, se é que alguma vez lutei.
Não posso dizer que partiste porque ainda não te foste embora. Continuas cá , no único lugar que a minha alma não fechou. Sinto-te nos meus pensamentos perdidos, estás lá e cá, em todas as horas em todos os desejos. Nos dias que passam devagar é a tua voz que guia a minha pressa em acabar o que nunca foi meu. Porque nunca foste meu, porque eu quis ser tua. Porque não queria estar na tua mão, tão cheia de ses, de não sei´s de tudo, menos de sins. Nunca disseste o sim que queria ouvir, nem sequer abriste as portas da tua vida. Não me deixaste entrar. Agora reflicto sozinha, e vejo tudo como um filme antigo. Cena a cena, a história começa a tornar-se irrelevante. É apenas mais uma, como eu fui para ti. Apenas isso. Quanto mais vejo o filme, mais me recordo das palavras que nele faltam, as palavras que não te disse, a raiva que não ouviste, o amor que não te consegui dar porque tudo era demais e acabou por ser de menos para mim. O vazio no teu coração que tu nunca viste, nem te apercebeste. Eu não deixei, escondi. Cheguei mesmo a fingir, para não ser dor, para ser o que era. Tanto que não soubeste, tanto que não sentiste. E agora? O que resta deste filme? Sobra a pena que tenha sido assim, mas sobrevive a realidade que realça que não podia ser, não dava mais, acabou. Ou melhor acabámo-nos um ao outro, atráves do que dissemos, do que escondemos, nunca jogámos limpo. Porque encarámos isto como um jogo, fomos peões num jogo de xadrez e deixamos que o jogo se apodera-se de nós. Ninguém ganhou, ninguém fez xeque-mate. Apenas eu perdi. Mas tu também não ganhaste. Porque permaneces fechado nessa tua bolha impenetrável de razão e certeza. Já não há nada a fazer, nem lugares nossos por onde fugir. Há que encarar a perda daquilo que nunca foi nem teu nem meu. A sorte que nos juntou tornou-se no azar que nos aproximou. E no sujo do jogo nunca surge o amor, surge a dúvida. Dúvida essa constante, que sempre permaneceu escondida nos sorrisos quebrados pela suspeita. Agora só falta vermos o fim do filme, e senti-lo. Acordar e saber que o que foi não volta a ser por muito que (ainda) se queira, como dizem os Xutos.
Não posso dizer que partiste porque ainda não te foste embora. Continuas cá , no único lugar que a minha alma não fechou. Sinto-te nos meus pensamentos perdidos, estás lá e cá, em todas as horas em todos os desejos. Nos dias que passam devagar é a tua voz que guia a minha pressa em acabar o que nunca foi meu. Porque nunca foste meu, porque eu quis ser tua. Porque não queria estar na tua mão, tão cheia de ses, de não sei´s de tudo, menos de sins. Nunca disseste o sim que queria ouvir, nem sequer abriste as portas da tua vida. Não me deixaste entrar. Agora reflicto sozinha, e vejo tudo como um filme antigo. Cena a cena, a história começa a tornar-se irrelevante. É apenas mais uma, como eu fui para ti. Apenas isso. Quanto mais vejo o filme, mais me recordo das palavras que nele faltam, as palavras que não te disse, a raiva que não ouviste, o amor que não te consegui dar porque tudo era demais e acabou por ser de menos para mim. O vazio no teu coração que tu nunca viste, nem te apercebeste. Eu não deixei, escondi. Cheguei mesmo a fingir, para não ser dor, para ser o que era. Tanto que não soubeste, tanto que não sentiste. E agora? O que resta deste filme? Sobra a pena que tenha sido assim, mas sobrevive a realidade que realça que não podia ser, não dava mais, acabou. Ou melhor acabámo-nos um ao outro, atráves do que dissemos, do que escondemos, nunca jogámos limpo. Porque encarámos isto como um jogo, fomos peões num jogo de xadrez e deixamos que o jogo se apodera-se de nós. Ninguém ganhou, ninguém fez xeque-mate. Apenas eu perdi. Mas tu também não ganhaste. Porque permaneces fechado nessa tua bolha impenetrável de razão e certeza. Já não há nada a fazer, nem lugares nossos por onde fugir. Há que encarar a perda daquilo que nunca foi nem teu nem meu. A sorte que nos juntou tornou-se no azar que nos aproximou. E no sujo do jogo nunca surge o amor, surge a dúvida. Dúvida essa constante, que sempre permaneceu escondida nos sorrisos quebrados pela suspeita. Agora só falta vermos o fim do filme, e senti-lo. Acordar e saber que o que foi não volta a ser por muito que (ainda) se queira, como dizem os Xutos.
Só
O amor é nada mais do que uma ilusão, um começo que tem sempre um fim. Cada dia é menos um dia, mas tu continuas a ter esperança de saber amar. O amor nunca tem razão, mas acaba aos poucos à espera de um perdão que não chega. A união que nos liga é cada vez mais fria, mais impessoal. Acaba por ser meramente ocasional. Já não és a minha única saída, já nem sequer significas o mundo para mim. Quero cometer os meus erros, encontrar a minha voz, descobrir a minha força, percorrer o meu caminho. Perder o que tenho e voltar a ganhar. Quero arriscar, ser eu própria, sem cores berrantes nem preconceitos, sem palavras perfeitas e dialectos cruzados de mentira. Quero ser apenas eu, despida de valores, e obrigações. Quero ser eu,a sós, sem ti, simplesmente assim.
Instantes
Conversas perdidas na mesa do café de sempre
Promessas esquecidas entre um cigarro e um sorriso
Confissões sussurradas na falta de um motivo
Momentos que se encontram
Pessoas que se cruzam
Vidas que continuam
Lembranças que permanecem
Guardadas na saudade
Promessas esquecidas entre um cigarro e um sorriso
Confissões sussurradas na falta de um motivo
Momentos que se encontram
Pessoas que se cruzam
Vidas que continuam
Lembranças que permanecem
Guardadas na saudade
Foi melhor assim
Porque é que os rapazes fazem certas perguntas que nos levam a acreditar outra vez? Questões colocadas para fazer de nós seres amnésicos outrora contaminados por tantos furacões em forma de incertezas, dúvidas e o mais grave de tudo : constatações. Talvez porque queremos sempre ter o que já tivemos. Ou então que pelo menos, aquela relação onde tanto batalhámos tenha um final feliz, ou pelo menos um fim disfarçado de felicidade, uma felicidade fingida é verdade, com o único prepósito de aparentar que está tudo bem e poder dizer a frase que mais renego no mundo: “foi melhor assim”. Não há frase mais contentada no Universo do que esta. Nunca percebi porque é que os rapazes se contentam, em vez de se superarem, de tentarem ir para lá daquilo que têm. Nós somos complicadas, muito sonhadoras, fantasiosas,mas principalmente insatisfeitas. E é nessa insatisfação que eu acredito que esteja a nossa maior virtude e nosso maior defeito. A busca de algo por vezes inatingivel é verdade, mas esta nossa insatisfação leva-nos a ambicionar, a lutar pelo que queremos realmente com todas as forças que temos, nunca deixando de acreditar. Os rapazes só lutam na conquista, e esquecem-se de lutar quando realmente há luta. Têm medo de se entregar porque numa “vida passada” alguém os desiludiu. Esquecem-se é que eles também já desiludiram alguém. E é nesse compasso de espera entre o vai não vai, que uma rapariga se pergunta exaustamente: porquê que ele não quer mais do que isto? E a resposta é... porque não sabe onde se está a meter. Os rapazes gostam de ter a situação no seu controlo, saber o chão que pisam, o que têm e o que não têm, o que é deles e o que é dos outros. São mais calculistas, e mais discretos. Só quando realmente se apaixonam é que tudo muda, e aí também são magoados tal e qual como as raparigas. Mas a maioria cala essa mágoa, não a espalhando aos quatro ventos. E quando são desiludidos dessa maneira, não deixam qualquer pessoa entrar no seu coração. Deixam, mas deixam a medo. É preciso alguém se dar ao trabalho de lhes alimentar uma sede que nunca seca.Parece que depois de sermos magoados o medo acentua-se. Cresce uma incerteza constante, em que a resposta não sei se torna um vício, uma forma de fugir ao que realmente queremos.
Caminho
Foste-te perdendo nas ruas desta vida
Sem te aperceberes que não havia uma saída
Procuras-te um caminho que não te encontrava
Perdeste o medo que aos poucos te matava
Por entre estradas sem fim
Procuras-te um pouco de mim
Achaste pedaços de solidão
Foste saudade sem seres oração
Voltaste atrás sem dizeres uma palavra
Não esperaste que o céu te dissesse nada
Calaste as lágrimas com segredos
Gritaste o silêncio tantas vezes sem medos
Continuaste em busca de um amor eterno
Que te levasse para além do inferno
Descobriste a paz que te abraçou
Perdoaste quem um dia te magoou
Sempre que quiseste fugir
A tua alma pediu-te para lutar
Ganhaste uma vida a sorrir,
E agora já não queres cá ficar
Serás para sempre a pequena luz
Que reflecte o meu sonhar
És a esperança adormecida
Aquela em que eu vou acreditar
Não me digas o que foste
Nem sejas quem não eras
Sou ferida aberta na pele
Nunca serei o que tu esperas
Por mais que cada minuto
Afaste os dias que não passam
Eu sinto que vou sobreviver
Nas saudades que nunca acabam
Sem te aperceberes que não havia uma saída
Procuras-te um caminho que não te encontrava
Perdeste o medo que aos poucos te matava
Por entre estradas sem fim
Procuras-te um pouco de mim
Achaste pedaços de solidão
Foste saudade sem seres oração
Voltaste atrás sem dizeres uma palavra
Não esperaste que o céu te dissesse nada
Calaste as lágrimas com segredos
Gritaste o silêncio tantas vezes sem medos
Continuaste em busca de um amor eterno
Que te levasse para além do inferno
Descobriste a paz que te abraçou
Perdoaste quem um dia te magoou
Sempre que quiseste fugir
A tua alma pediu-te para lutar
Ganhaste uma vida a sorrir,
E agora já não queres cá ficar
Serás para sempre a pequena luz
Que reflecte o meu sonhar
És a esperança adormecida
Aquela em que eu vou acreditar
Não me digas o que foste
Nem sejas quem não eras
Sou ferida aberta na pele
Nunca serei o que tu esperas
Por mais que cada minuto
Afaste os dias que não passam
Eu sinto que vou sobreviver
Nas saudades que nunca acabam
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